top of page

06/10/2023

Foto do escritor: Fabio AlmeidaFabio Almeida

A luz tenta por todas as partes romper o obscurantismo que tomou conta de parte da política, da escola, do jornalismo, da música e da arte. Até mesmo a saúde é vítima de releituras que expõe nossas crianças à morte, vírus já sem circulação, voltam a ameaçar a vida das pessoas. Aquele mesmo canalha que afirma ser o aborto um crime, levanta a voz para bradar que não deves vacinar tua criança. Que vida defende esse ser? Ou apenas, usa da retórica mobilizadora do cristianismo como uma ferramenta catalisadora de apoios?


É fundamental que passemos a debater essas questões. É inconcebível que no mesmo dia tenhamos três fatos que revelam claramente a distopia que rege nossas vidas. Precisamos colocar um freio de arrumação nessa zorra, caso contrário iremos sofrer muito com os ataques à convivência humana, com a mentira sendo fonte da verdade e com a insignificância da vida.


Acordamos com 4 médicos baleados no calçadão da barra da tijuca (RJ), a imprensa em virtude da branquitude deu ampla cobertura. São trabalhadores assassinados. O repúdio é coerente e deve sim ecoar, não podemos tergiversar sobre a vida de ninguém. Isso mesmo, de ninguém. Ontem, mesmo algumas centenas de trabalhadores foram assassinados por milicianos, traficantes ou mesmo policiais, como ocorreu com toda uma família na Bahia. Mas, como pretos, pobres e periféricos, o choque não é grande. O susto maior ocorre quando o crime ostenta suas garras, lá por onde a burguesia e seus filhos e filhas andam publicamente.


É possível admitirmos que a nossa sociedade continue a viver de forma hipócrita desta forma. Nem os assassinatos de crianças possuem a cobertura dada a morte dos médicos - quero me solidarizar com as famílias, especialmente da minha companheira de partido Sâmia Bonfim. Afirmo sem medo de errar. A cor da pele é o que permite celeridade em respostas, bem como, a indignação da sociedade. É possível que a cor da pele continue a significar humanidade neste país? Acredito que não. Superamos esse quadro, ao menos na Lei e na maioria de nossos lares. Tenho plena certeza. Então porque admitimos essa triste realidade de nos silenciar ante a instrumentalização da morte como ferramenta política?


O segundo ponto do dia consiste na aprovação na comissão de constituição e justiça, do senado federal, de um projeto de emenda constitucional - já abordado por mim por aqui alguns dias atrás - que autoriza a comercialização de plasma e outros tecidos humanos pela rede privada. Esse foi um debate enfrentado durante a assembleia constituinte, vencendo a proposição que veda a comercialização. Qual autoridade possui esse congresso para rever essa questão, se não vivemos uma assembleia constituinte. Nossa carta é rasgada ao bel prazer dos políticos. Nossas posições há 35 anos atrás não valem mais nada? Que perenidade existe nesse Estado?


Em nome de quem agem dessa forma nossos parlamentares? Todos os dias deparamos com afrontas ao texto constitucional, buscando mudar direitos sociais e individuais do povo, ou mesmo atacar a organização do Estado, como o fazem em relação ao STF. Chegaremos aonde desta forma? Caminhamos para consolidar um Estado Teocrático como querem parcelas dos parlamentares? A responsabilidade de manter a divisão de Estado e Religião é nossa. Urgentemente temos que promover um basta nesta questão.


Por último, gostaria de conversar com vocês sobre a tentativa do fundamentalismo religioso e a extrema direita querer se apropriar da data comemorativa da criação do nosso Estado. Não é possível que discursos anti-indígenas ou em defesa do garimpo promovam uma cultura de ódio contra os povos originários. A responsabilidade pela falta de emprego, comida e moradia não é culpa dos indígenas, mas sim da corrupção e dos privilégios que integram a administração pública de Roraima há décadas, desde que éramos território. No outro lado temos a incompetência administrativa como marca geral, ou mesmo, como tática para transmutar os esquemas de malversação.


Precisamos refletir sobre esses fatos. Se temos uma sociedade que apoia amplamente esses temas, por mim rebatidos, vivemos um grave problema social. Caminhamos rumo à anarquia e a morte de muitos, pois sem a garantia de um contrato social que contemple a pluralidade das formas de organização do povo, resta à minoria apenas sua aniquilação ou assimilação. É isso que queremos para nossas vidas?


Não quero proceder com respostas objetivas na coluna de hoje. Busco claramente observar uma realidade que ao invés de promover o amor, enaltece o ódio. Ao invés de defender a vida, proclama a morte. Isso dói. Principalmente por compreender a minha culpa neste processo. É a minha geração que permite essas barbáries sociais. É a minha geração que acredita claramente que o patrão é o bom fomentador, enquanto o trabalhador é o oportunista. Os valores trocados consistem em um modelo de vida, consolidado claramente pelas igrejas neopentecostais, as quais precisam responder pelos atos de ódio disseminados pelos pastores.

 

Krenak

A escolha de Ailton Krenak para compor a academia brasileira de letras é um ganho imenso não apenas para nossa literatura, mas também para o nosso povo. Krenak caminha rumo ao encantamento, sua capacidade de compreensão deste mundo, suas ideias em torno do bem viver e potencialização da biota contrapõe abertamente o modelo produtivista e destruidor inerente a essa nossa etapa de produção. A voz de Krenak na ABL consiste em uma reparação do estado brasileiro com os povos indígenas. Se bem que não sei se é mesmo do estado, acredito que da sociedade, pois nos últimos dias o estado aprova proposições em um de seus poderes que afrontam as comunidades indígenas e promovem a cultura genocida implementada nos últimos anos. Meu querido Krenak já tive algumas oportunidades de te ouvir pessoalmente. Porém, uma das suas estadias na casa de nosso querido Jaider Esbell foi de uma produção de conhecimento que me encantou muito. Sucesso meu camarada.

 

Acerta o STF

Na tarde desta quinta-feira, por unanimidade, o STF aprovou que mulheres que exerçam cargo comissionado ou contrato por tempo determinado no poder público possuem direito a licença maternidade de 120 dias. No mesmo processo aprovou o STF a garantia da estabilidade desde a descoberta da gravidez até o 5 mês após o parto. A decisão garante um mínimo de sustentação financeira as mulheres, tendo em vista o crescimento da precarização das formas de contratação no serviço público, as quais ampliaram caso a reforma administrativa de Lira/Bolsonaro/Quedes avance no congresso nacional.

 

Moro

Não resta ao senador da república negar os crimes cometidos ao grampear sem autorização judicial magistrados, conselheiros e pessoas civis. As práticas de Sérgio Moro no exercício do cargo de juiz demonstra claramente sua tendência à autocracia, com total desrespeito à Lei, para tentar ver vigente sua verdade, mesmo que a ilegalidade seja o único caminho. Políticos desse naipe são muito perigosos, pois ao terem o mínimo de poder nas mãos caminham por defender o autoritarismo como forma de salvação das pessoas. É preciso que garantido todo o direito de defesa , seja o senadorzinho punido exemplarmente pelos crimes cometidos. Como ele mesmo fala. Lugar de criminoso é na cadeia. Olha aí Moro!

 

TSE

O corregedor eleitoral do tribunal, Ministro Benedito Gonçalves, liberou mais três processos que propõem a inelegibilidade de Bolsonaro por crimes eleitorais cometidos em 2022. Segundo o despacho, os processos poderão ser analisados em conjunto, tendo em vista que guardam relações entre si. As ações foram propostas pelo PDT e pela coligação que levou Lula à presidência da república. Os crimes consistem em abuso de poder econômico, por meio da utilização da estrutura do Estado para promoção pessoal, no ano eleitoral, o que é vedado pela legislação. A liberação deste julgamento é ruim para Denarium, pois se a corte criar jurisprudência sobre o tema, decreta a perda do mandato do oligarca que governa Roraima, o qual parece bem confiante de que conseguirá escapar da punição com a cara banca de advogados contratada, esperamos que não esteja sendo paga com dinheiro público.

 

BRICS

Os encontros técnicos em torno do estabelecimento de novas referências financeiras para nortear a comercialização entre os países membros e destes com as demais nações avançam. Atualmente, busca-se o modelo adequado a realidade e a urgência que a proposta possui para nações que se sentem afrontadas pelos embargos econômicos impostos pelos EUA e seus aliados europeus. Dois modelos estão sobre a mesa. O primeiro seria a criação de uma moeda única, situação que exigiria um longo tempo para adaptação das economias à realidade da circulação de uma nova moeda, isso para evitar os erros e impactos gerados sobre as nações mais pobres.


A segunda proposta prevê que indicadores macroeconômicos sirvam como balizador para utilização das atuais moedas nacionais dos países como sistema de liquidação. Essa proposta é defendida pelo Presidente russo Putin. A superação do dólar como referência nas transações comerciais é uma decisão já tomada. Hoje, 84% do comércio internacional é feito com lastro no dólar. Essa é uma das principais preocupações estadunidenses, uma mudança desse regime de liquidação imporá uma grande desvalorização da moeda, ampliando a crise, naquele país imperialista. O pior é que a política de embargos econômicos contra nações potencializam esse processo de transformação do sistema de liquidação mundial. Parece que agora não haverá retrocesso.


Bom dia com alegria.

 

Fábio Almeida

fabioalmeida.rr@gmail.com


 
 
 

コメント

5つ星のうち0と評価されています。
まだ評価がありません

評価を追加
bottom of page