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12/05/2023

Foto do escritor: Fabio AlmeidaFabio Almeida

Na última quarta-feira começou a 9ª Conferência Estadual de Saúde de Roraima, contamos com a presença de delegados e delegadas de todos os municípios predispostos a debater e propor melhorias no sistema de saúde, no âmbito estadual e nacional. As propostas a serem analisadas são oriundas das conferências municipais onde usuários, trabalhadores, gestores e prestadores de serviço contribuíram com os debates. Após 6 anos de completo desmonte das políticas de saúde, especialmente durante o governo de Bolsonaro, o evento que culminará com a conferência nacional possibilita um reencontro do sanitarismo e da ciência, fundamentos essenciais aos serviços e ações de saúde.


A fuga da secretária estadual de saúde, Cecília Lorezon, que deveria apresentar a primeira intervenção, mas resolveu cabular o encontro demonstra o descompromisso do atual governo com o SUS em Roraima. Desta forma, a palestra inicial foi realizada pelo secretário adjunto que iniciou sua fala afirmando que iria falar o que o governo federal anda falando. A gestão estadual acertou, pois não é possível afirmar que exista interesse do governo do estado em reestruturar o caótico sistema de saúde que definha ante uma administração incompetente, incapaz de enfrentar os reais problemas da saúde pública, priorizando apenas o direcionamento do programa de privatização e terceirização que drena recursos, sem garantir cuidado efetivo à população.


O descompromisso de Denarium e Cecília, parceiros no desmonte do SUS em Roraima, é tamanho com nosso povo que os delegados e delegadas que se deslocaram do interior não tiveram pagas as diárias prometidas pela gestão estadual. Esse descaso reflete o completo abandono por parte deste governo com a saúde pública de nosso povo, especialmente do interior do Estado. Ante o caos da saúde, a falta da ajuda de custos aos participantes e ao conselho estadual de saúde para garantir a realização da conferência, resolveu o Estado abandonar o encontro - fugir parece algo muito natural em bolsonaro e seus apoiadores. Isso mesmo. A gestão estadual fugiu do povo para não ser questionada sobre as mortes e sequelas que atingem o Estado que apresenta o pior índice de mortalidade materna do país.


As denúncias são as mais variadas, porém os representantes de Mucajaí e Pacaraima questionaram a conclusão de reformas em suas unidades hospitalares, abandonadas pelo Governo de Denarium respectivamente a 4 e 2 anos. Roraima não cresce como afirma o oligarca Denarium. Roraima impõe ao seu povo abandono, sofrimento e mortes devido uma gestão incompetente que prioriza exclusivamente o financiamento dos amigos e financiadores de campanha. A falta de profissionais de saúde, medicamentos e insumos também foram temas apresentados como problemas sérios enfrentados pelos usuários do SUS do interior. A regionalização e a descentralização dos serviços de atenção secundária, até mesmo dos pequqenos hospitais para gestão municipal é um passo fundamental para reorientar esses serviços de saúde, além lógico fortalecer a atenção primária. Mas, Denarium não que debater isso, fala só em privatizar e entregar serviços de saúde aos parceiros a custos milionários. O povo que pague van e venha para Boa Vista sofrer em filas intermináveis.


Muitos prestadores de serviço questionam atrasos nos pagamentos de suas faturas, dentre eles a empresa das tendas que abrigam nossas mulheres gestantes, as quais devem estar sujeitas a goteiras com as chuvas torrenciais que caíram na cidade esses últimos dias. O que não consigo entender é como a SESAU possui R$ 490 milhões para privatizar a gestão do HGR e não consegue pagar fornecedores? Algo vai muito errado. Não podemos imputar, essa a incompetência administrativa, apenas a gestão da saúde estadual, Denarium, possui responsabilidade direta sobre todos os fatos e omissões promovidas na saúde pública de Roraima. Para debater saúde o governador e seu staff não possuem tempo, porém para ganhar umas diariazinhas e tentar reverter ações do Ibama que promoveram a suspensão da regularização fundiária de terras sobrepostas a terras indígenas e assentamentos ele arrumou um tempinho. Lógico né Denarium, a cobrança dos donos dos bois não pode ser postergada, a do povo que conclama uma saúde humanizada, universalizada e integral não pode ser ouvida.


Algumas intervenções foram muito proveitosas, dentre essas a de Fernando Pigatto que chegou a ser confrontado por um grupo de apoiadores de Bolsonaro que se chatearam quando ele expôs a dura realidade vivida pelo nosso povo durante a gestão do ex-presidente. A crítica sobre o empobrecimento das pessoas e o retorno da fome instigou manifestações que levaram o presidente do conselho nacional de saúde a afirmar que a fome mata pessoas, debater saúde é potencializar a luta de direitos que possibilitem o bem-estar das pessoas, devendo os conselheiros, sem paixões partidárias não terem vergonha de denunciar criminosos que fomentam campanhas de não vacinação.


A chiadeira maior ocorreu quando ele afirmou, corretamente, que na conferência nacional será cobrada a vacinação contra a Covid-19. Apesar de alguns lamentos da plenária, acerta o CNS ao impedir que o movimento antivacina tenha palanque dentro do maior encontro sanitarista da maior política pública de saúde do mundo. Engraçado é que as pessoas renegam vacinas e se acham no direito de querer debater políticas de saúde. Quais serviços e ações preconizam essas pessoas? Combater o movimento antivacina é fundamental para enfrentar crises sanitárias que podem afetar nossas crianças. Podemos ter o retorno da poliomielite, conhecida como paralisia infantil, doença erradicada devido a vacinação em massa. Hoje as coberturas são muito baixas, em Roraima é de apenas 50%, dados de 2021, isso significa que 50% de nossas crianças se encontram suscetíveis a contrair a doença. Lamentável ver a que pontos chegamos.


Os demais debatedores proporcionaram análises importantes sobre controle social, organização da rede de serviços necessária e o planejamento em saúde. Na prática os participantes em suas falas promoveram o enfrentamento das péssimas condições dos serviços de saúde, incluídas a ineficiência das gestões municipais que a exemplo do governador deixam obras inacabadas e não garantem as condições efetivas de trabalho aos servidores da saúde. A saúde pública de Roraima, desde a criação da CoperPai por Neudo Campos, foi capturada por máfias privadas que drenam os recursos do SUS com apoios em várias estruturas do executivo, judiciário e legi$lativo estadual.


Um grupo de trabalhadores temporários, contratados pela SESAU, propuseram uma moção no intuito de garantir a prorrogação de seus contratos que vence no final de maio. São mais de 1.000 contratados que podem deixar de trabalhar, ampliando o caos que se encontra nosso sistema de saúde. Que piorarão muito caso Denario consega privatizar a gestão do HGR como ele quer. Eles acreditavam que conseguiriam encerrar o chamamento público em meados de maio, porém o TCE acordou para o esquema e suspendeu o processo. Espero que o governo tenha competência em garantir a prorrogação deste contrato que se encerra, caso contrário nós que sofreremos. Mas, precisamos mesmo é de concurso público e servidores efetivos.

 

SEMANA DA ENFERMAGEM

Hoje é o dia do enfermeiro. Esse profissional fundamental na rede de atenção da saúde imprime uma política de cuidado e humanização aos pacientes, oportunizando uma proteção aos pacientes, fragilizados devido o adoecimento. Neste dia, 3 anos do início da pandemia do Sars-Cov-2 – encerrada ontem pela OMS – foram esses profissionais que na área de epidemiologia, investigações e nos estabelecimentos de saúde ajudaram no suporte fundamental ao salvamento de vidas, muitos entes queridos que ainda temos a oportunidade de abraçar e foram acometidos pela Covid-19 foram cuidados por enfermeiros. Deixo aqui um abraço forte às famílias que perderam filhos e filhas durante o desenvolvimento das atividades laborais por terem desenvolvido a Covid-19. Agradeço imensamente toda a dedicação de vocês, principalmente na defesa do SUS. A comemoração será feita com uma semana de atividades, uma novidade é que a programação incluiu eventos em municípios do interior do Estado, promovendo uma maior integração dos profissionais de enfermagem.

 

MPI

No dia de ontem deputados federais e o governador de Roraima realizaram um encontro com Sônia Guajarara e seus assessores. Apesar da amenidades e a necessidade do desenvolvimento de ações conjuntas, indígenas e fazendeiros estavam de cara amarrada. Um jornal local fez uma grande propaganda apresentando o projeto de grãos desenvolvido em algumas comunidades – essa ação encontra-se sob investigação devido o uso de sementes transgênicas o que é proibido – o governo ainda falou que garante material escolar, merenda e transporte aos indígenas, no entanto Denarium esqueceu de informar a exclusão os povos da TI Yanomami que passaram 4 anos sem material didático e merenda escolar, os demais recebem, mas não na totalidade dos alunos. Quanto ao transporte escolar a precariedade das condições das estradas e dos veículos contratados levam crianças a perderem vários dias de aulas durante o ano. Com essas chuvas na região do médio São Marcos várias são as crianças que deixam de frequentar aulas neste período. Espero que o governo do Estado possa integrar forças de trabalho de efetiva proteção aos indígenas, algo que não acredito. O primeiro passo poderia ser a união dos Entes federados para pensar uma estratégia de combate ao alcoolismo que atinge os povos da TI Yanomami. O Governo aproveitou para apresentar a pauta de suspensão de qualquer demarcação de novas TI em Roraima. Ocorre que hoje temos o território dos Pirititi pronto para ser demarcado, devendo o decreto sair em breve, as demais pretensões existentes ainda precisam passar por estudos antropológicos.

 

LGBTI+

Nesta quinta-feira o observatório de mortes e violências contra LGBTI+ do Brasil divulgou dados de um relatório que será lançado no próximo dia 16/05/2023. O monitoramento aponta a morte violenta de 273 pessoas no ano passado, segundo os registros apresentados morrem a cada 32 horas uma pessoa dessa comunidade. A principal causa da morte foram os assassinatos com 88,5%, os suicídios representam 10,9%. O Brasil continua a ser o país mais violento para essa parcela de nosso povo, ficando atrás do México que registrou em 2022 a morte de 122 pessoas, somos um país onde a lgbtfobia mata pessoas. As travestis e as mulherestrans foram o grupo populacional mais atacado com 159 morte, seguidas pelos gays com 97 óbitos. A principal forma de assassinato que ceifaram a vida de 91 jovens, entre 20 e 29 anos, foi a arma de fogo, seguido pelo esfaqueamento. Nos primeiros 4 meses de 2023 já foram registrados 80 assassinatos. É fundamental que a sociedade não permita a continuidade dessa violência de gênero que retira a vida de pessoas, o estado brasileiro precisa retomar políticas públicas de proteção, qualificação e financiamento da comunidade LGBTI+, garantindo seus direitos e desenvolvendo ações educativas e de mobilização social. Uma cultura de paz é fundamental no Brasil.

 

DENGUE 3

Roraima registrou nos últimos meses 3 casos deste tipo de vírus da arbovirose. Há 15 anos que não era registrada a circulação deste tipo de Dengue. Por isso, a Fiocruz ver com preocupação sua reinserção, em virtude do grande número de pessoas suscetíveis ao desenvolvimento da doença. Na prática todas as pessoas com menos de 15 anos formam um grupo de risco a ser observado com cautela. No entanto é fundamental que a rede do Estado e dos municípios promovam ações concretas de limpeza nas ruas, terrenos baldios e solicitem que a população cuidem de seus quintais. Um surto epidêmico aqui em nossas terras pode representar grave risco de morte de pessoas, em virtude da dengue hemorrágica, bem como da ineficiência da gestão estadual de saúde.

 

CADEIA

O juiz federal Oswaldo Tovani condenou George Washington e Alan Rodrigues, respectivamente a nove anos e quatro meses e cinco anos e quatro meses de prissão. Os dois tentaram colocar uma bomba no aeroporto de Brasília na véspera do natal no ano passado. Uma parte do encadeamento dos atos golpistas que culminaram com o dia 08/01/2023, começam efetivamente a ser condenados pela justiça brasileira. Essas condenações são fundamentais como processo cívico educativo aos demais golpistas que ainda se encontram escondidos em seus buracos. Bolsonaro, com medo da condenação e da prisão ante os crimes cometidos, especialmente a falsificação da carteira de vacinação, começa a criar uma narrativa de vitimização, a última é que tentou se matar. Demonstra com isso que além de genocida, fujão pode ser adjetivado de medroso.


Bom dia com alegria.

 

Fábio Almeida

Jornalista e Historiador.

 
 
 

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