A expressão cultural é um dos meios de integração social e valorização da diversidade que forja a sociedade roraimense. Neste quadro é imprescindível que o Governo do Estado potencialize a transformação de processos, a fim de descentralizar, formar e fortalecer os mestres e mestras. Sem Estado nesse processo a mendicância cultural potencializa a realidade de fuga de nossas melhores expressões, do fazer cultural, em nossa terra de Makunai’mî.
Primeiro, é fundamental debater sobre processos da lei de incentivo a cultura de Roraima, Lei 1.545/2021. A consecução de incentivos é importante ao desenvolvimento das ações culturais, vinculando recursos de cunho privado com a produção de ramos representativos de nosso modo de olhar o mundo. No entanto, a forma tá errada. É necessário deixar de impor um processo de corrida atrás da bolsa, por parte dos fazedores de cultura. A solução deve ser a publicação de 2 editais, um chamando os empresários que queiram participar do programa e outro para as produções culturais. Esse modelo potencializará a cultura local e as manifestações do povo, a exemplo do circo de seu Léo.
A Lei precisa ser alterada também em seu inciso segundo, artigo 3º, pois ao garantir que pessoas jurídicas públicas e privadas possam acessar os benefícios excluem deste acesso muitos produtores culturais. Acredito que esse artigo precisa garantir acesso apenas a pessoas jurídicas privadas que possuam exclusividade na produção cultural e obrigatoriamente devem apresentar retorno social do acesso aos recursos. Essa medida visa garantir as representações e produções do povo mais acesso aos recursos públicos. Como gestão pública devemos priorizar o povo e suas formas de manifestação, não a Exporfer.
Outra questão a ser enfrentada no nosso querido Roraima consiste no fomento ao desenvolvimento de determinadas atividades culturais, as quais necessitam ser incluídas em um plano de formação contínua da sua arte. A criação circense em nosso estado precisa ser fortalecida, urgentemente. Um caminho seguro seria a contratação do nosso patrimônio cultural, Seu Léo, para promover programas permanentes de formação circense, a fim de potencializar novos palhaços e artistas circenses.
Outra área importante para programas de formação é a de produção de esculturas. Precisamos ter um olhar específico neste setor para que a arte de esculpir nãocorra risco de desaparecer, com os olhares locais. Aqui temos a arte de Isaías Milano que poderia ser divulgada e potencializada pelo governo. No entanto, o desenvolvimento deste processo de incentivo a potencialização da arte impõe ações unificadas entre os entes públicos. Não há sentido em gastos públicos dispersos de Entes federados distintos, a unificação destes investimentos é fundamental a um melhor desenvolvimento das ações culturais.
Nossas escolas estaduais e municipais devem ser observadas como equipamentos públicos fundamentais ao fomento de nossas manifestações culturais. Aqui, precisamos pautar a utilização destes espaços como estruturas formativas nas áreas de cultura, em cinema, música, produção textual, designer, teatro, dança e pintura. Enfim, as diversas formas de produção cultural podem ser um dos principais processos ao enfrentamento do crescimento da violência, perspectivas de mundo se forjam, a cultura é um dos principais caminhos.
Por último, precisamos garantir uma transparência no tocante à administração de recursos públicos. As leis de fomento cultural, Paulo Gustavo e Aldir Blanc, necessitam de espaços coletivizados e democratizados de consolidação de suas regras. Não pode continuar o governo do estado silenciado, diante do conjunto de produtores e fazedores de cultura roraimenses, sem apresentar o edital, sem debater as priorizações, sem estabelecer as conexões que podem ampliar as possibilidades culturais, para além daquelas que drenam milhões para abastecer caixas suspeitos de corrupção, como vimos em alguns projetos aprovados em Roraima, em 2020.
É necessário que o governo se dispa de sua arrogância na gestão da cultura e promova um processo de pluripotencialidades geracionais de formas, falas, bem como, de empregos que potencializam o setor cultural, com seu dinamismo integrador de várias profusões profissionais. O diálogo é essencial para que possamos ter um edital que, em primeiro lugar, potencialize a produção local, os fazedores de cultura que se localizam à margem do processo de financiamento. É necessário dedicar parte dos recursos a esse segmento, expressando-se no edital de chamamento.
A gestão de Denarium, o governador dos ricos, que vive longe de manifestações do povo, como a música e dança de rua, renegadas pela gestão da cultura estadual. Outras áreas como o circo, a cultura indígena e negra, somam-se como exemplos claros do “apartheid” promovido pela gestão cultural do governo do estado. É preciso que o conselho de cultura seja o promotor deste novo caminho e não se submeta aos interesses sedutores do poder financeiro estadual. A promoção dos grandes eventos culturais são importantes. Porém, é no financiamento do círculo popular do fazer cultural que nos levará a ser o principal polo produtor de cultura da região norte.
Por exemplo, nosso o setor de cinema cresceu bastante na última década, trazendo diversos prêmios nacionais e internacionais. A ausência de diálogo impõe o não encaminhamento de um encontro internacional de cinema em Roraima. Um evento que teria uma potencialidade maravilhosa de transformarmos Amajarí, Pacaraima, Caracaraí, ou mesmo Rorainópolis em uma cidade produtora de cinema.
Por que Boa Vista ficou de fora? Não podemos errar e continuar a centralizar processos produtivos na geração de empregos em nossa capital. A cultura é um dos caminhos no aumento da empregabilidade e na distribuição de renda que tanto precisamos fazer crescer em Roraima. No entanto, enquanto a soja e o gado for visto como única forma de crescimento econômico caminharemos a concentrar renda. Romper com essa lógica é necessária, a potencialização da cultura é um caminho.
Docentes em festa?
Ontem, comemoramos mais um dia de celebração da profissão de professoras e professores. Uma data muito fortalecida no passado socialmente, porém hoje desprestigiada por uma política equivocada da gestão pública brasileira. Passamos de uma profissão valorizada a sermos chamados de vagabundos. Isso, não em virtude do termo usado ser uma realidade na profissão, mas apenas por exercermos nossa profissão, produzir conhecimento.
Comemora-se o fim do governo anterior, apesar de muitos docentes em Roraima terem votado no ex-presidente. A vitória de Lula permite, mesmo na continuidade da lógica neoliberal de contenção de despesas, o estabelecimento de diálogos potencializadores de algumas mudanças importantes no fazer educacional, entre eles a valorização profissional, a qual perpassa pela revogação do novo Ensino Médio que permite aos profissionais com notório saber assumir a sala de aula.
A militarização das escolas e a precarização na forma de contratação são outras políticas que vem transformando a realidade do fazer educacional, as quais criam fragilidades, seja pela opressão ideológica ou financeira. Inibindo o processo de formação das estratégias produtoras de conhecimento e formação crítica que deve ser inerente ao olhar social, presente na sala de aula, o qual deve servir para superar desigualdades e opressões impostas ao povo, sem isso não temos um processo educativo, temos o desenvolvimento apenas da transferência de conhecimento de uma estrutura opressora e excludente.
Porém, comemoramos a continuidade da excelência de trabalhar em sala de aula, apesar de termos uma redução significativa na busca de cursos de licenciatura em nossas IFES. Esse um quadro muito preocupante. Comemoramos a dedicação de nossos profissionais em escolas sem qualidade infraestrutural a continuidade de possibilitar que nossas crianças e jovens possam enxergar o mundo e as teorias que os regem em nosso tempo. Obrigado aos professores e professoras de Roraima.
Ebserh
Em entrevista, à rádio neoliberal de Roraima, o reitor da UFRR informou que os trâmites para transferência das gestões financeira e administrativa do hospital das clínicas, sob responsabilidade da Sesau, para gestão da empresa brasileira de serviços hospitalares, caminham rapidamente. Interessante ouvir da boca do reitor que se discute neste processo de transferência a especialização do novo hospital nas áreas de neurologia e cardiologia.
Este olhar é importante em virtude das doenças do aparelho circulatório serem a principal causa de morte e a segunda causa de sequelas em pacientes no nosso estado. Termos um ganho sim estrutural, além de podermos potencializar uma nova área de especialização. Abrindo novas ondas de movimentações educacionais para nosso estado, ampliando a necessidade do setor de serviços, com isso a geração de emprego e a distribuição de renda.
Duas questões são estranhas neste processo. Em nenhum momento o conselho estadual de saúde (CES) foi mencionado pelo reitor - que teceu elogios ao governador, secretarias de saúde e outras pastas, até, um deputado estadual foi ovacionado. Mas, o CES não foi visibilizado, minha dúvida é se o controle social foi escutado neste processo, já que existe até termo de repasse, da estrutura do hospital das clínicas para gestão a EBSERH, já assinado pelo governador. É preciso que o plano de trabalho seja submetido à aprovação do nosso conselho de controle social.
Outro ponto que me preocupa é o retrocesso no projeto político de descentralização dos serviços de saúde previstos na criação do SUS. Os hospitais federais foram adotados quando a saúde era privatizada, até a constituição de 1988, sua existência foi consolidada pelo sistema sobre gestão federal, servindo como ferramenta de suporte à formação dos novos profissionais de medicina, no entanto a estratégia potencializadora do SUS é a descentralização e o estabelecimento de parcerias entre os entes federados, por meio da gestão tripartite do sistema.
Ao promover a expansão da rede de hospitais universitários, o governo federal, promove a descontextualização do SUS, na sua essência que é a organização local dos serviços. Esse preceito é fundamental para o melhor processo de organização do SUS. Não podemos retroagir a modelos centralizadores da oferta de serviços, como vivemos em outros tristes tempos de nossa história. O caminho adotado pelo MS é equivocado e potencializará processos reversíveis que poderão impactar em um modelo de gestão assertivo, que ampliou a inclusão dos cuidados, ante a exclusão de pessoas que tínhamos antes de 1988.
Roubo
As forças armadas sempre foram alvo de roubo de armas. Anteriormente, os grupos armados invadiam quartéis e delegacias para roubar pequenas quantidades de armas. O crescimento das organizações criminosas, ligadas ao tráfico de drogas ou a venda de serviços em comunidades, mudou a forma de trato com esse tipo de furto. A sedução de militares, ou mesmo, o investimento na entrada de pessoas ligadas ao crime nessas estruturas consistem em caminhos que potencializa roubos, como os ocorridos no quartel do exército em Barueri/SP. Onde, 21 metralhadoras foram roubadas, sendo 13 delas calibre .50 e 8 calibre 7,62, as primeiras podem derrubar helicópteros das forças de segurança. É inadmissível que tenhamos nossas forças armadas em tamanho frangalho administrativo. As investigações não devem ter como olhar apenas o roubo das armas, mas enveredar por como se organiza hoje o crime organizado dentro das estruturas dos quartéis, fechar os olhos a essa realidade impõe cada vez mais insegurança institucional ao nosso país.
Porto Seco
Os estudos da criação de um porto seco - local de desembaraço e administração de mercadorias que se encontram em processo de exportação e importação, onde critérios especial gerem o espaço - consiste em ações gerenciais que viabilizam o futuro. A solução da crise política e econômica na República Bolivariana da Venezuela e o crescimento econômico da República Cooperativista da Guiana, impõe a necessidade de Roraima começar a pensar em seu processo de exportação. A estruturação da ZPE que parece sair do papel e os processos industriais que devem crescer em Roraima fruto da ampliação do setor agroexportador, prioridade de incentivos e benefícios da atual gestão roraimense, impõe o porto como necessidade.
Uma das perspectivas positivas consiste no asfaltamento da estrada que liga Liden e Lethen, na Guiana, abrindo uma rota de exportação e importação importante, principalmente para o mercado manauara e seu distrito industrial. Portanto, a consolidação de um porto seco em Roraima abriria novos horizontes sim. Espero que sua organização seja pensada de forma descentralizada, a fim de promover o desenvolvimento de outras áreas no estado.
Eu, particularmente defendo que a região de Novo Paraíso como principal localidade a implantação de processos de gestão de mercadorias, pois se encontra em uma mediana equidistante dos limites dos 3 centros de importância econômica, geograficamente as fronteiras com os 2 países e o limite com o Amazonas. Pensar o desenvolvimento exige olhares mais amplos que os carcomidos olhos míopes de nossos gestores públicos, impulsionados por ondas propositivas de outros entes, sejam eles públicos ou privados, mais completamente ineficiente em modular processos que permitam a melhoria da qualidade de vida de nosso povo, por iniciativa própria.
12 de outubro
Neste dia, temos um feriado religioso em um país laico. Uma contradição imensa nesta colcha de retalhos mal costurados que é nosso Brasil. No entanto, também comemoramos o dia das crianças, um momento em que muitos pais possuem para ter uma vivência mais próximas de seus rebentos, tendo em vista que o mundo do trabalho nos consome muito tempo, além de exigir mais de um vínculo para poder ter um salário mais ou menos compatível com a sustentação de uma família média brasileira, ainda composta por 3 pessoas.
Políticos, na busca de autopromoção promoveram a entrega de brinquedos pela cidade, expondo indevidamente a fisionomia de crianças nas redes sociais, especialmente aquelas que se encontram em condição de vulnerabilidade. O pior é que ao serem questionados do descumprimento da Lei, esses projéteis de populistas, nos atacam indiscriminadamente, inclusive criando retóricas mentirosas sobre as pessoas que pedem exclusivamente o cumprimento da Lei, algo que um parlamentar deveria primar, já que jura isso em sua posse.
Outra situação vexatória, que precisa ser investigada pelo MPE, consiste em vídeos que deixam transparecer que o governador dos ricos de Roraima, Antônio Denarium, resolveu utilizar dinheiro público para confeccionar pipas com sua fisionomia e distribuir para crianças. Ocorrido esse fato, o ato consiste em crime de responsabilidade administrativa, levando a perda do mandato por utilização de recursos públicos para promoção pessoal da imagem do gestor. É importante que os órgãos de controle deem uma resposta à sociedade.
Impedida
Assim, deveria ter se considerado a esposa de Denarium eleita conselheira pelos deputados estaduais, após a maioria abandonar a candidatura do trilheiro Jorge Everton. Não é admissível que a senhora Simone Denarium, não se considere impedida de julgar as contas de seu esposo, e de outras parentes que exercem a função no primeiro escalão da gestão de Denarium. Eu acreditava que ela se declararia impedida em virtude das controvérsias, mas nada disso, assumiu a responsabilidade de debochar da cara do povo e afirmar que a oligarquia roraimense pode fazer o que quiser ao votar pela aprovação das contas de seus parentes
Portões fechados
A gestão do parque anauá necessita rever seus procedimentos aos finais de semana. Compreendo que para segurança do local é necessário fechar portões em determinados horários, no entanto como espaço público é inadmissível que a população seja vetada de circular pelo parque Anauá de carro a partir das 22h. Especialmente nos finais de semana, não há sentido em fechar os portões nesse horário, obrigando que veículos tenham que circular pela calçada de entrada de pedestres para saírem do ambiente. É preciso que a gestão administrativa compreenda isso, até mesmo para expor aos usuários os referidos horários de fechamento da estrutura e de seus portões.
Bom dia com alegria.
Fábio Almeida
fabioalmeida.rr@gmail.com
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