As eleições estaduais começam a se tornar tema do dia a dia dos roraimenses. Uma grande maioria dos eleitores e eleitoras debatem candidato A ou B, muitas vezes sem observar o que defende programaticamente os partidos políticos que eles representam. Como exemplo cito os dois principais candidatos que despontam nas pesquisas eleitorais, uma do MDB e outro do PP, ambos partidos são liberais, ou seja, defendem a privatização de serviços e bens públicos, além de arrocho fiscal para os pobres e liberalização de dinheiro para os ricos.
A Tucandeira irá a partir de hoje debater temas que devem pautar o debate e fomentar transformações na realidade de exclusão social que campeia por todas as localidades de nosso querido Roraima. O primeiro tema, diante de sua importância, será a educação pública e a necessidade de propormos mudanças que permitam garantir uma educação pública inclusiva, laica e transformadora.
Inicialmente precisamos conceber que a valorização dos servidores públicos da educação é fundamental, pois o serviço se consolida por meio de pessoas. Portanto, acabar com os serviços terceirizados e os contratos por hora de trabalho são fundamentais ao pleno desenvolvimento do processo de ensino aprendizagem. Não há espaço para mudar a realidade do processo educacional em Roraima com a alta rotatividade de profissionais, inclusive dos colaboradores da limpeza, segurança e alimentação. Assim, a defesa da exclusividade da carreira por meio de concurso público é fundamental ao debate político.
Um segundo ponto importante a ser enfrentado neste processo eleitoral, consiste na apropriação dos cargos de gestão por políticos. Não é possível que anos após o PNE, cuja ferramentas incorporaram a democratização da gestão, prevista na Constituição Federal, tenhamos nossas direções e coordenações pedagógicas escolhidas por afinidade partidária e não por eleição direta por parte da comunidade escolar. Esse avanço democrático permitirá que famílias e a comunidade do entorno apropriem-se do estabelecimento de ensino como uma construção social, não a perceba como um “depósito” de crianças e adolescentes.
Um terceiro ponto diz respeito ao fim da militarização das escolas em Roraima. Não são homens e mulheres armadas que forjarão respeito, ao contrário fomentam uma cultura de opressão muito negativa ao desenvolvimento humano, a cidadania, ao processo político e de disputa do Estado. No entanto é necessário que a educação estadual possa estabelecer padrões regimentais de convívio nas escolas, processo de cunho democrático e participativo que possibilite o estabelecimento de direitos e deveres a serem adotados pela comunidade escolar. Retornando nossos militares ao desenvolvimento de suas atividades essenciais que é potencializar a segurança pública e o cuidado do nosso povo.
O estabelecimento de um programa político pedagógico central que contemple o mínimo do processo educacional de nossos jovens é fundamental, compreendendo as diversas características existentes na sociedade. Um PPP a ser implementado em uma escola da cidade, não pode se reproduzir na área rural, isso não significa um ensino diferenciado, ao contrário, permite que as diferenças impostas pela realidade socioeconômica possam ser observadas. Por exemplo, como estabelecer o início das aulas na área rural com base no horário das aulas na cidade. Pequenas mudanças podem melhorar muito a realidade do ensino na área rural.
O Estado de Roraima precisa descentralizar o primeiro ciclo do ensino fundamental aos municípios, ajudando a financiar esse processo, inclusive com os prédios. Não podemos continuar a fomentar essa competição sem lógica. Porém, precisamos de forma altiva fomenta uma política pedagógica que comece no município e termina no ensino médio, com políticas pedagógicas que incorporem um pleno ciclo formativo e produtor de conhecimento.
O ensino de artes e línguas deve ser observado com muita argúcia, a inclusão de aulas de teatro, música, pintura, escrita, dança e produção cultural são fundamentais no primeiro ciclo do ensino básico, além de termos nossos estudantes saindo das nossas escolas fluentes em espanhol e inglês. Para conquistarmos esse padrão de ensino basta querermos superar a lógica de hoje e almejarmos uma escola aberta, plural e transformadora de vidas.
No tocante ao financiamento precisamos descentralizar recursos e termos nas associações de pais e mestres parceiros fundamentais na garantia do processo de manutenção das escolas e no fornecimento da merenda escolar que deve seguir critérios nutricionais que potencializem a produção e empregos locais. Essa é uma estratégia democrática e transparente na gestão dos recursos que permitirão uma revolução na garantia de infraestrutura, ferramenta a ser fortalecida pelo fundo infraestrutural de nossas escolas, onde alunos egressos possam contribuir com nossos estabelecimentos de ensino.
Nesta etapa de gestão dos recursos devemos primar pela completa transparência, com o fortalecimento dos conselhos do Fundeb e da educação, onde os processos sejam claros, públicos e fiscalizados, partindo inclusive da inserção de nossos agricultores e pequenos comerciantes no fornecimento da merenda escolar, inclusive com fomento à produção de hortas e criação de animais nos quintais da comunidade do entorno escolar, sendo garantida duas refeições diárias, mesmo em escalas de um turno de aulas.
A ampliação dos investimentos para 30% dos recursos próprios arrecadados é fundamental para que possamos incluir dinheiro extra na educação. Fomentando os critérios de fortalecimento do ensino, inclusive com a criação de bolsa para que os jovens permaneçam no ensino médio, deixando, desta forma, de perdê-los para o mercado de trabalho, assim que concluem o nono ano. Primar por uma educação de qualidade é potencializar a permanência de nossos jovens no ensino médio, combatendo a grande evasão escolar que temos nesta etapa do sistema educacional em Roraima.
Nesta quadra dos gastos com educação devemos preconizar investimentos e serviços compartilhados entre o Estado e os municípios, racionalizando custos com alimentação, transporte e infraestrutura. Parece um pensamento utópico, porém se pensado a partir da base, ou seja, das pessoas podemos melhorar muito o gasto público, permitindo que as políticas de fomento à produção científica do corpo doente e discente seja fortalecida com a disponibilidade de bolsas.
A adoção da educação sexual e da disciplina de cidadania é fundamental a partir do 7º ano da educação básica, com duração até o primeiro ano do ensino médio. Essas matérias possibilitarão a consolidação da formação de seres humanos que cultuarão o respeito ao próximo, conhecerão direitos e deveres de cada cidadão ou cidadã, as estruturas do Estado e as responsabilidades de cada nível da gestão pública. A educação sexual nos permitirá reduzir o número de meninas gestantes, o atual quadro não pode continuar, com adolescentes parindo crianças, fecharmos nossos olhos a esse drama social, única e exclusivamente pela ausência de conhecimento e proteção, consiste em uma omissão da sociedade.
Fomentar o ensino integral é fundamental, porém essa tarefa é muito delicada e necessita de muito investimento inicialmente. Portanto, sou defensor de que esse processo de ensino integral se estabeleça do interior para capital. O ensino no interior merece um olhar prioritário, pois nossos jovens se encontram com 4 anos sem um ano letivo integral, devido a irresponsabilidade de nossos gestores estaduais que não respeitam os jovens da área rural.
As escolas consistem nos principais equipamentos públicos existentes nas comunidades. Desta forma, precisam ser aproveitadas em sua integralidade, servindo para formação profissional da comunidade, prática esportiva e cultural. Abrir as escolas à comunidade é fundamental para consolidarmos a melhoria da qualidade de vida da comunidade escolar. Sonho que em breve possamos ter escolas sem muros, onde todos e todas, vejam estes espaços como uma conquista pessoal, onde transformações são possíveis e novas realidades podem ser edificadas, com base no amor, na solidariedade e no respeito.
Pensemos sobre estes temas e cobremos nossos candidatos e candidatas para que a eleição deixe de ser uma fábrica de mentiras, e, possam ser pautadas pela sociedade que estabelecerá temas e caminhos a serem seguidos. Somos nós, não eles, que devemos estabelecer o que queremos. Eu quero uma educação de qualidade, para isso, precisamos debater e propor os pontos abordados acima.
ALGEMA E TAPAS
Os policiais filmados agredindo um suspeito algemado precisam ser punidos urgentemente. O abuso de autoridade e a tortura não podem ser uma prática das forças de segurança. A punição será exemplar para que a corporação entenda que atos de maus tratos aos cidadãos e cidadãs serão inadmissíveis no Estado de Roraima. Se não adotarmos uma postura clara de punibilidade podemos transformar a nossa PM em mais uma agressora do povo, rivalizando com as demais organizações criminosas que atuam com a complacência da gestão pública. Esse caso já é resultado das denúncias não apuradas ou escondidas pela corporação. A polícia existe para servir, não para oprimir e violentar pessoas.
VAIAS E XINGAMENTO
A passagem do Incompetente Geral da República pela vila Belmiro, campo de futebol do Santos, na data de ontem, demonstra o nível de rejeição que enfrenta o Governo. As vaias e o hit mais popular do lollapalooza “Ei Bolsonaro vai tomar no c.” demonstram ao mandatário que sua popularidade despenca a cada dia. A “motociata” realizada em São Paulo deixou claro que o número de motos reduziu bastante, em relação aos eventos de 2021, preparatórios da tentativa de golpe de estado, conclamado por Bolsonaro no dia 07 de setembro do ano passado. Enfim, de vaias e xingamentos o povo brasileiro estabelece que o mandato deste senhor terminará em 31 de dezembro de 2022. Caso se atreva a outras modalidades de continuidade que não sejam as urnas, que lhe negarão este direito, terá sua estadia no palácio do planalto antecipada, pela vontade popular.
FOME E SAQUES
No início dos anos 1980 a fome e a inflação levaram os brasileiros a realizarem saques em estabelecimentos comerciais. A prática em larga escala durante o governo do último ditador de plantão foi generalizada nos grandes centros. O final do Governo FHC também registrou saques pontuais, devido a pobreza, potencializada pela política fiscal de corte de gastos. No último sábado, no Rio de Janeiro, 50 pessoas invadiram um comércio e saquearam produtos, o desemprego e a ausência de renda podem fazer atos coo este se multiplicar pelas cidades. A Fome é um quadro que impele a pessoa a enfrentar seus maiores dramas, inclusive cometer crimes para garantir o direito básico de comer. Ou mudamos a política econômica e combatemos a concentração de renda ou a barbárie irá impor mais saques e consequentemente mortes em nossas cidades. A responsabilidade é de Bolsonaro e seus aliados.
VIA SACRA É ATO INFRACIONAL?
O Padre Júlio Lancellotti é um dos principais defensores dos direitos dos moradores de rua em São Paulo. Nesta sexta-feira, idealizou a Via Sacra do Povo de Rua que terminou na Catedral da Sé. No início do percurso a PM interditou a rua e passou a exigir documentos de identificação dos participantes, inclusive do padre. O ato demonstra como abusiva e preconceituosa é nossa polícia militar. Os pobres devem ser exterminados, essa é a premissa da elite brasileira que a frente dos governos utiliza o aparato armado do Estado para oprimir os mais pobres, os quais agora não possuem mais nem o direito de rezar.
AFRODECESDENTE! AQUI NÃO.
Essa é a posição do governo do Incompetente Geral da República diante da criação do Fórum Permanente de Afrodescendentes da ONU. Colegiado criado em 2021, atuará junto ao Conselho de Direitos Humanos da entidade, tendo como atribuição promover a inclusão política, econômica e social de afrodescendentes. O fórum é constituído por 2 representantes de cada continente. O Brasil, com a segunda maior população afrodescendente, teria direito a indicar um representante, ocorre que o Governo Federal não teve interesse e a vaga foi preenchida por outra nação. A posição deste Governo em relação a população preta do país reproduz o primado racista que ainda vigora em guetos, os quais infelizmente chegaram ao poder central do país. Precisamos como sociedade encerrar esse ciclo de disseminação de ódio e amplificação das desigualdades e recrudescimento do racismo.
QUAL O QUADRO ELEITORAL PARA PRESIDENTE?
As eleições presidenciais a serem realizadas em outubro de 2022 demonstram que a disputa será capitaneada entre Lula e Bolsonaro. As candidaturas locais tendem a acompanhar esse movimento eleitoral, reproduzindo nas divisas estaduais os modelos que serão apresentados nacionalmente. Como tratado na última segunda-feira encontra-se em disputa modelos de Estado, Bolsonaro capitaneia um modelo neoliberal, já Lula apresentará um modelo socialdemocrata, com viés neoliberal. A diferença é significaiva, mas não enfrenta os principais problemas nacionais, principalmente a alta concentração de renda.
As pesquisas demonstram que 60% dos brasileiros já deidiram seu voto para Presidente, demonstrando a necessidade de manter ou mudar a gestão pública. Os levantamentos estatísticos apontam que Lula lidera nos Estados: Amazonas, Pará, Amapá, Maranhão, Piauí, Ceará, Tocantins, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Sergipe, Bahia, Minas Gerais e Espirito Santo. Já Bolsonaro lidera nos Estados: Roraima, Acre, Rondônia, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Paraná, Santa Catarina e Distrito Federal.
Os Estados de São Paulo, Goiás, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul são apresentados como indefinidos considerando a diferença entre os candidatos nas pesquisas eleitorais. Esse quadro é fundamental para se mensurar as necessidades eleitorais no tocante a fundamentar a derrota de Bolsonaro e seus adeptos de um sistema autocrático. Triste é ver nossa Roraima continuar a votar em Bolsonaro, apoiando o ódio e a privatização como estratégia de desenvolvimento da nação. É lamentável, mas os dados comprovam um declínio nas intenções de voto, durante a camapnha eleitoral esse quadro mudará e o povo roraimense escolherá a defesa da vida, da solidariedade e do amor.
BOM DIA COM ALEGRIA
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