O Comando de Caça aos Comunistas (CCC) consiste em uma organização paramilitar e de extrema direita organizada no Brasil no processo de estruturação do golpe de 1964. Seus integrantes participaram diretamente do processo de suspensão dos direitos democráticos, das liberdades individuais e da imposição da ditadura militar no país. Surgida em São Paulo e disseminada para outros centros políticos do país desenvolvia suas atividade em processo de aliança com a polícia política do governo ditatorial, além de possuir relações próximas às forças armadas, a qual chegou a executar um processo de treinamento aos membros do CCC.
A expiração no macarthismo, surgido no período de meados de 1955 e colocado em prática pelo senador estadunidense Joseph Raymond McCarthy (1947-1957), protagonizou a reprodução nas terras de Pindorama da caça aos comunistas, por meio do CCC, o qual possuía como membros estudantes e policiais. Os confrontos com organizações compreendidas como comunistas pela organização, além da censura a produções e eventos artísticos consistiram em práticas corriqueiras deste grupo, junto a outras organizações existentes na época como o Movimento AntiComunista (MAC).
Entre os diversos conflitos isolados e atuação de exposição de pessoas por hábitos culturais e políticos aos organismos de polícia política, quatro são os momentos marcantes na história deste grupo. O primeiro consiste na batalha da rua Maria Antônia envolvendo estudantes da USP, considerada reduto da esquerda, especialmente o curso de filosofia e os membros do CCC. Nos conflitos que duraram os dias 2 e 3 de outubro de 1968 – 60 dias após seria instituído o Ato Institucional nº 5 – o prédio do curso de filosofia foi queimado, o estudante José Carlos de Guimarães foi assassinado e estudantes foram agredidos com ácido sulfúrico.
Os outros 3 eventos criminosos e políticos dessa organização fascista consiste na invasão do teatro Ruth Escobar e espancamento do elenco da peça Roda Viva, um atentado a bomba no teatro Opinião e o sequestro e assassinato do padre Antônio Henrique Pereira Neto, auxiliar de D. Hélder Câmara. A violência psicológica e física eram práticas corriqueiras deste agrupamento da extrema direita contra pessoas por eles identificadas como comunistas.
Trago essa digressão no intuito de debater o processo de reorganização desta criminosa organização paramilitar de extrema direita. Inicialmente tivemos em São Paulo, no ano de 2021, a sede do PDT sendo pichada com a sigla da organização fascista. No entanto os atos de enfrentamento psicológico e ameaças a vida de pessoas, uma prática rotineira da organização, ocorreu em Minas Gerais, com agressões a deputadas e vereadoras do PDT, PSOL e PT.
As agressões realizadas por meio de mensagens eletrônicas ameaçam as parlamentares de morte, estupro e violência contra suas crianças. A retomada dessa violência política consiste na retomada de uma ação política da direita brasileira, ante o processo de reorganização do povo em torno da luta por direitos e combate aos privilégios existentes no Estado brasileiro, consolidados para atender os interesses de corporações públicas e privadas.
A ascensão do Bolsonaro e sua retórica golpista, estruturada na perspectiva de combate ao comunismo – hilariamente enquadrado como todo aquele que discorda de sua retórica autocrata – possibilitou que essas organizações violentas reestruturassem suas organizações como suporte prático do discurso opressor desencadeado por Bolsonaro e seus asseclas que o sustentam politicamente.
É necessário que a sociedade brasileira combata urgentemente esses focos fascistas, a fim de evitar uma escalada de violências que exporá nossas famílias a um processo continuo de sofrimento. A opressão neofascista que opera em determinados segmentos da sociedade precisam ser combatidas com veemência. Um desses polos de combate é a necessidade de reorganização da classe trabalhadora em torno de seus programas de reorganização social. Não podemos em torno da derrota dos extremistas cometermos o mesmo erro do passado, ou seja, consignar uma nova aliança com a burguesia liberal como saída estratégica a onda de horror que parcelas da direita brasileira querem impor ao nosso povo.
Outro ponto relevante neste processo é tentar estabelecer alianças com frações do pentecostalismo de cunho progressista para evitar um debate no campo das ideias, a fim de superar o adesismo de parcelas de fiéis a lógica opressora de grupos extremistas, a exemplo do CCC, pois as violências começam com os comunistas – historicamente perseguidos neste país – e terminam nos quintais de todos os brasileiros e brasileiros que se posicionam contra atos destes grupos.
NOVA REGRA FISCAL
A câmara dos deputados decidiu retomar o debate do que se denominou de arcabouço fiscal concluindo sua aprovação ontem. A votação restringisse as emendas realizadas pelo Senado Federal. Uma das mudanças feitas pela câmara alta do parlamento brasileiro foi a exclusão do Fundo de Ciencia e Tecnologia da regra dos limites de investimentos propostos. O ganho conquistado no Senado pode foi derrotado na câmara, estabelecendo restrição aos investimentos em pesquisa no país, condição necessária ao processo de melhoramento em todas as áreas da nossa vida. Os resultados impostos pelo Teto de Gastos aprovados no governo Temer impôs um desfinanciamento do setor que levou os investimentos a condições críticas, chegamos em 2022 a uma redução de 41% dos valores investidos 12 anos atrás. Os recursos do país cada vez mais são direcionados ao financiamento da banca e de especuladores financeiros. Uma derrota de grande monta a pesquisa em nosso país, especialmente pelo papel que as estatais possuem neste setor.
MDB
A ausência do Deputado Federal Duda Ramos da direção estadual do MDB demonstra a existência de um racha interno no partido que pode repercutir em cisões importantes em uma das principais oligarquias existentes em Roraima. A nova composição partidária trouxe outra novidade importante que foi a ratificação da aliança da família Jucá com remanescentes do grupo político do ex-governador Anchieta Júnior, demonstrando a perda de prestígio político da ex-Deputada Federal Sheridan, herdeira de Júnior, hoje casada com o Deputado Federal defenestrado da direção estadual do MDB. Essa decisão pode refletir a aproximação do atual parlamentar do MDB do grupo político do oligarca Denarium – governador cassado pelo TER/RR.
FORO DO BRASIL
A aliança de frações da direita roraimense com o oportunista padre Kelmon demonstra que o conservadorismo cristão não pretende perder espaço em Roraima. Noutra ponta outro oportunista, o deputado federal Nicoletti, resolveu estabelecer uma aliança com o autodenominado padre para junto com outros representantes da política roraimense promover a criação do dito Foro do Brasil que possui como linhas de atuação a defesa do conservadorismo cristão e o liberalismo. Uma das novidades é assumidamente a integração de organizações religiosas na estrutura política de organização da entidade. Vejamos quem participará desta festa dos horrores para classe trabalhadora.
As ideias centrais da frente de direita consistem: a) na defesa dos valores judaico-cristãos como formulador central do novo contrato social proposto por eles; b) a defesa do estado mínimo; c) prioridade dos direitos individuais sobre os direitos coletivos; d) livre expressão; e) liberalização ao porte de armas; f) defesa do livre mercado; e g) defesa da economia liberal.
As pautas centrais da organização que tenta centralizar a atuação da direita brasileira e seus apaniguados extremistas confrontam diretamente com as garantias estabelecidas ao povo brasileiro a exemplo da política de cotas, direitos às minorias indígenas, ciganas e quilombolas, direitos trabalhistas, direitos humanos, serviços públicos ofertados pelo Estado, suspensão de políticas de proteção de gênero e orientação social enfim confrontam a noção do Estado Laico.
A grande questão a se perguntar é se as organizações sociais, sindicais e partidos de centro-esquerda e esquerda de Roraima assistiram de camarote esse processo de reorganização ou promoverão espaços de diálogo e atuação que venham a contrapor no campo das ideias o avanço do reacionarismo como prática política em Roraima?
SITUAÇÃO DAS RODOVIAS FEDERAIS
O desfinanciamento dos investimentos públicos nas rodovias federais são vivenciados por nós em Roraima na esburacada BR 174. No dia de ontem o governador de Minas Gerais - que tenta aparecer como líder da oposição ao governo federal e protagonista da direita brasileira, promovendo falas preconceituosas contra o povo nordestino e nortista - promoveu publicações cobrando investimentos do governo federal nas rodovias de Minas. Ocorre que durante os 4 anos de mandato de Bolsonaro, o governador de Minas Gerais, calou-se ante a ausência de investimentos. O desmonte da gestão de Bolsonaro, pautado na famigerada perspectiva de estado mínimo e na privatização de rodovias, impôs uma realidade de completo abandono das rodovias federais, transformando muitas localidades em verdadeiros trechos da morte, além de encarecer o transporte de alimentos no país, penalizando o povo brasileiro.
DEMOCRACIA PARTICIPATIVA
A população do Equador além de votar para definir o mandato tampão para presidência da república e congresso nacional foi as urnas e vedaram a exploração de petróleo em sua parcela amazônica. A medida é importante para que possamos efetivamente gaantir a preservação não apenas da floresta, mas de nossa biodiversidade e de nossa água. O modelo energético e industrial pautado exclusivamente em combustível fóssil precisa ser superado em benefício de nossa vida.
O interessante aqui é vermos a efetividade da democracia participativa, onde o povo possui o direito de poder decidir os rumos da nação, especialmente quando medidas podem impor afetações coletivas que atingem diretamente a vida não apenas dos equatorianos, mais de todas as pessoas que são circunvizinhas das áreas a serem impactadas. Aqui, no Brasil, no entanto, os interesses em torno da exploração do petróleo na margem equatorial da Amazônia brasileria é discutida burocraticamente, sem escutar a população de nosso país. Precisamos avançar muito em nossa democracia, fortalecendo cada vez mais a participação direta em temas que possam impactar larga parcela de nosso povo, a exemplo da privatização dos serviços de saneamento em marcha em alguns Estados do país.
Bom dia com alegria
Fábio Almeida
fabioalmeida.rr@gmail.com
Comments