top of page

Coluna Tucandeira – 30/01/2025

Foto do escritor: Fabio AlmeidaFabio Almeida

Na noite de 2 de novembro de 2021, os encantados olharam e gritaram: “ei menino pega teu jenipapo e urucum e sobe. Vem colorir os nossos vastos espaços com a alegria e beleza de teu olhar. Você cumpriu sua parte, mostrou que o ver, não é enxergar. Nadou de braçadas sobre premissas desenvolvimentistas que reproduzem apenas a mesma opressão que já vivemos. Rompeste com teu artivismo, a lógica da arte pela arte. Vem, vamos criar elos que fortaleçam cada vez mais nossos mundos. Você como muitos de nós viverá para sempre”. Assim, foi o chamado para mais um encantamento nas terras de Makunai’mî.


O viver para sempre é uma premissa acertada, no caso de Jaider Esbell, pois os pincéis e as letras transmutaram o conceito de vida, protagonizaram com o ritual do Maruwaí a beleza do sentir o bem viver, com pinceladas que não resgatavam um olhar, ou mesmo uma história, mas registravam um conhecimento milenar que brada por resistir a lógica da apropriação cultural imposta pela sociedade envolvente que se apodera da cultura de um povo e busca esvaziar seus significados, transformando o efetivo sentido da vida numa percepção paralela que leva pessoas por veredas descoloridas de dor e sofrimento.


Tua passagem entre nós deixou um legado, não apenas material, mas uma mensagem de vida que ressignifica os olhares conservadores, atribuindo-lhes a efetiva responsabilidade pela necropolítica que engendra nossa formulação social, onde os “preguiçosos da TIRSS”, são empecilhos ao processo de privatização de nossos lagos e buritizais. A leitura decolonial que fomentou a produção artivista de Jaider Esbell possibilitou a retomada de interpretações do mundo, permitindo uma ressignificação do território e da cultura que potencializou e multiplicou os hertz, por meio de múltiplas vozes que entoam não apenas um desejo, mas uma ação efetiva de resistência, mesmo ante a triste invasão do milho transgênico no território.


Ontem, a obra ‘Espíritos dos Caxiris (2017)’, integrou a coleção da mostra aberta na Galeria Gladstone, localizada na rua 64 em Nova Iorque. Ao lado do ‘Jardim Makunaîme (2021)’, nosso roraimense de Normandia faz tilintar os elos entre o mundo dos Demiurgos e o nosso tempo de horrores. A obra ‘Um portal para um mundo conhecido (2017)’ enfrenta a opressão nas casas de imigrantes invadidas por policiais estadunidenses para proceder com um processo de limpeza étnica, com a expulsão de latino-americanos, muitos destes indígenas da América Central.


A lógica do Estado continua a mesma de tempos atrás. “Todos são bandidos”. Assim, afirma uma extrema-direita que brada pela liberdade, essa lógico, só rola se for para uma elite branca, fora isso, somos todos um monte de despreparados que atrapalhamos a vida deles. O pior é ver latinos defenderem essa posição. Aqui, em Pindorama, vemos vassalos estadunidense com assento em nosso congresso nacional tecerem comentários que reafirmam sua postura de lesa-pátria, ao corroborar que a deportação em massa promovida pelo governo de extrema-direita de Trump é para livrar os EUA de bandidos.


Por isso, é fundamental que no auge desse terror humano, a voz, as telas, o olhar e o bem viver de Jaider Esbell encontre-se no coração de uma das cidades mais cosmopolitas do mundo. É necessário que nesse momento de dor, angústia e sofrimento imposto a milhões de pessoas que a ‘Festa na Floresta (2017)’ possibilite novas concepções de mundo que permitam as pessoas entenderem que não precisamos nos encontrar por lá, mas podemos fazer por aqui, agora de outra forma, com novas premissas, sob prismas comunitários e colaborativos. Esse é o caminho que nos leva os ‘Rios Voadores (2018)’ que irrigam de vida não apenas nossas florestas, mas também nossa existência.


A triste realidade de não podermos mais conviver com Esbell é acalentada pela sua força que continua a construir elos entre o “Mistérios da Criação (2021)’ do mundo dos Encantados e a nossa realidade que se sustenta na prática do Estado imprimir uma política de morte e apagamento. Parabéns ao Cristiano Raimondi pela curadoria que possibilita que a Vovó Bernaldina possa ninar todo um povo com a entoação que consiste em um chamado à vida, por meio da superação da opressão. Caminhemos. Porém, sem resistir seremos mais uma vez esmagados.

 

Revoltado

O governador Denarium, O Cassado, revoltado com a Ca$a Legi$lativa em virtude dos projetos aprovados ontem, os quais derrubaram o aumento na tarifa de água potável fornecida pela CAER e proibiram que o negócio multimilionário da terceirização da gestão das unidades de terapia intensiva pudesse avançar. Essas duas votações fizeram o governador vetar na LOA emendas parlamentares, previstas na Constituição como impositivas. Para salvar Denarium do ridículo, a Deputada Aurelina Medeiros resolveu a questão, em uma negociação com a mesa diretora da ALE/RR – que se encontra prestes a colocar para apreciação o processo de cassação, onde sou um dos signatários – resolveu a questão trazendo a responsabilidade para ela, assumindo que houve erros no texto, e por isso, o govrnador resolveu vetar as emendas parlamentares, especialmente para o Bomfim, reduto político do Deputado Chagas (PRTB).


Enfim, Denarium meteu os pés pelas mãos mais uma vez. A tentativa de rearranjar a rua foi iniciada em dezembro passado, mas as trincas que ficam podem melindrar a frágil aliança que tentam retomar os parlamentares estaduais e o governador. Em minha opinião a única saída é a cassação do governador, para desarticular a quadrilha organizada que no orçamentode 2025 poderá demandar R$2,6 bilhões da forma que quiser, sem a necessidade de submissão do destino dessa dinheirama toda a ninguém. Opa! O gasto desse recurso é submetido ao TCE, onde Simone Denarium, esposa do governador cassado é conselheira - em virtude da justiça roraimense afirmar que não tinha como comprovar que os dois eram cassados, assim o nepotismo vigorou de forma ardilosa. Recentemente, a conselheira Simone mandou arquivar umas denúncias de malversação de recursos por falta de provas contra seu esposo e uma grande amiga de negócios, no faturamento do SUS, que ocupa um cargo de primeiro escalão.

 

Aumento do ICMS

O ConSefaz, entidade que congrega todos os secretários de fazenda aprovou o aumento da cobrança de ICMS sobre os combustíveis, algo que aumentará nosdo custo de vida. Em Roraima, para entrar em vigência, a partir de 01/02/2025, como previsto pelo Secretário de Fazenda de Roraima, a proposta deve obrigatoriamente ser apresentada e aprovada pela assembleia legislativa. A previsão encontra-se no artigo 77 da Lei 111/2024 que estabeleceu as diretrizes orçamentárias para o exercício de 2025. Portanto, qualquer medida adotada pelo governador no aumento do ICMS precisa de aprovação dos Deputados e Deputadas, há um ano da eleição de 2026, os parlamentares acredito serão mais rigorosos com a bandalheira que se transformou a gestão pública roraimense, até porque sonham com um projeto próprio para elegerem um novo governador.

 

Aumento da Selic

Não há sentido algum a nova gestão do Banco Central ter aumentado em 1% a taxa básica de juros, essa meduda trará um impacto de R$50 bilhõesno orçamento, mais do que o previto para o PAC esse ano. À medida que dificulta o processo de investimento de setores produtivos, especialmente da indústria e dos serviços, imporá uma diminuiçãono ritmo da geraçãode empregos e melhoria da massa salarial. Tudo isso para remunerar especuladores financeiros. Não se justifica o país pagar de juros reais, descontada a inflação, quase 9%. Essa é a maior transferência de recursos públicos para empresas privadas do mundo. Em 2024, foram mais de UU$200 bilhões retirados do orçamento e entregues a empresas que controlam cerca de 90% do mercado de títulos do governo, os outros 10% são pequenos investidores, os quais nãodeixam de ser esoevuladores. Infelizmente, as empresas financeiras tomaram de sequestro o orçamento público e a política de juros, permitindo a multiplicação de dinheiro, enquanto nossas crianças passam fome.

 

Síria

Um representante o Estado Islâmico – aquela organização terrorista que decapita pessoas pelas redes sociais e apedrejam mulheres – contou com ajuda em armamentos do ocidente para derrubar o presidente sírio - declarou-se Presidente da Síria. Seus primeiros atos consistiram em dissolver o parlamento, retirar o registro dos partidos de oposição e dissolveu o exército. Veremos nos próximos dias o acirramento da teocracia que passará a determinar os rumos do povo Sírio. A culpa central será do ovidente.


A questão central é como os EUA reconhecerão seu aliado bélico que deu um golpe na Síria. O autoproclamado Presidente sírio Ahmed al-Sharaa é integrante do Estado Islâmico, organização considerada terrorista pelos estadunidenses, desta forma, as relações diplomáticas acirraram os ânimos em breve, possibilitando novas intervenções militares que ajudarão a debilitar mais ainda uma já débil economia local. Quem adorará esse processo é Israel que poderá colocar em prática seus planos espacionistas de ampliação dos territórios.

 

Intolerância religiosa

O ano de 2024, em todo o país, registrou 2.472 denúncias, São Paulo lidera com 618 registros de desrespeito a liberdade religiosa e de culto, previstos na Constituição de 1988. As sedes das religiões de matriz africana são as mais importunadas. No Rio de Janeiro, temos uma distopia imensa que são os traficantes de cristo impondo aos pais e mães de santo uma política de terror, a exemplo do que faz o Terceiro Comando Puro no Complexo de Israel, localizado no Rio de Janeiro. A sociedade brasileira precisa superar a lógica de que alguma denominação religiosa possua a verdade absoluta, caso contrário continuaremos a ver imagem de Exu quebradas e bíblias sendo deixadas nas casas invadidas.

 

Profissão Jornalista

O sindicato da categoria SINJOPER deu um passo importante ao processo de regulação do mercado, ao estabelecer um piso salarial ao exercício profissional das pessoas. O jornalismo, desde que o STF disse que a formação acadêmica não é necessária ao exercício da profissão – dia desses vi um anúncio pomposo da bandeirante anunciando a contratação de repórter, a exigência era possuir nível médio concluído – A tendência com o processo de regulação da convenção coletiva de trabalho a ser assinada é que os profissionais recebam um pouco melhor e o mercado seja mais regulado.


Bom dia, com alegria.

 

Fábio Almeida

 
 
 

Comments

Rated 0 out of 5 stars.
No ratings yet

Add a rating
bottom of page