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21/05/2024

Foto do escritor: Fabio AlmeidaFabio Almeida

Na noite de ontem tivemos o lançamento da pré-candidatura do Deputado Federal Nicoletti (União Brasil) à prefeitura de Boa Vista. O parlamentar se apresenta como conservador e de direita, defensor da família de Deus e da pátria. Mas, isso significa o quê? Muita coisa, especialmente em virtude da capacidade que possui o atual parlamentar de transmutar de caminhos para atender seus interesses pessoais. Vou dividir esse texto em 2 momentos quem é Nicoletti e o que defende o partido de Nicoletti.


Primeiro, é importante compreender que o atual deputado federal que surfa na onda de Bolsonaro, desde 2018, iniciou sua projeção política em Roraima com a presidência do sindicato dos policiais rodoviários federais, participando ao lado da CUT, PT, PCdoB, PSOL, CTB, Sindsep, Sintracomo, PSTU da organização de uma grande mobilização realizada em abril de 2017, contra a reforma da previdência proposta por Temer. Isso mesmo. Aqueles que hoje o parlamentar acusa de "comunistas" andava ao lado dele, gritando contra a penalização da classe trabalhadora. Ao assumir o mandato em 2019, deu um voto contra os trabalhadores em uma reforma da previdência, apresentada por Bolsonaro, pior do que a que ele, bradou contra, subindo ao carro de som, ao lado da bandeira do PT.


No mandato correu para fazer composições políticas nada republicanas, trocando apoio parlamentar por indicações de cargos, ganhou o Detran em RR, mas como a "porteira não foi fechada" e Marcelo Cabral e Mecias possuíam indicações importantes no órgão de trânsito, assumiu uma posição contrária a Denarium, acusando-o de “ladrão”, ao afirmar que no governo só tinha corrupção. Chegou inclusive a protocolar um processo de impedimento contra o governador dos ricos, apontando desvios na saúde, mas, Jalser Renier não encaminhou. Na beira das eleições, em 2022, e depois do fiasco que foi a candidatura à Prefeitura de BV, em 2020, fez as pazes com Denarium, não mais um permissivo ladrão, agora o melhor governador de Roraima. Lógico que os cargos retornaram, novamente teve o Detran e outras benesses do Estado.


Neste meio tempo de rompimento com a horda privatista que administra o palácio senador Hélio Campos, correu aos braços da Prefeitura de Boa Vista, fez acordos para destinação de suas emendas ao MDB, partido hoje acusado, pelo oportunista Deputado do União Brasil, de ser de esquerda, apesar de ter o movimento democrático brasileiro (MDB) tido a coragem de protagonizar um documento liberal denominado a “Ponte para o Futuro”, em 2016 defendendo a manutenção dos privilégios dos mais ricos, contra direitos dos trabalhadores, a exemplo do que defende o partido de Nicoletti, mas isso, veremos daqui a pouco.


O parlamentar vocifera bordões cunhados por Bolsonaro e que ainda hoje servem de retórica eleitoral, especialmente em uma sociedade onde a educação nunca foi prioridade. Bom, o parlamentar menino, que se chateia com tudo e se acha o centro do universo com seu narcisismo perigoso, se declara conservador. A etimologia da palavra define ser aquela pessoa que acredita na força dos constrangimentos introduzidos pelos hábitos e tradições que permitem o funcionamento da sociedade. 


Ou seja, defende a manutenção das coisas como estão, em português claro. As filas na saúde continuarão, a falta de moradia continuará, a fome vai se intensificar. O sofrimento da classe trabalhadora se manterá, a fim de que os ricos continuem a se dar bem. A espera por 2 horas na parada de ônibus continuará a ser realidade, pois o conservador não é revolucionário, possui medo da mudança. Assim, a efetivação da candidatura do Nicoletti - algo que acredito ser difícil depois do fiasco de ontem - será a continuidade da gestão do MDB, em BV, piorada em virtude do extremismo.


O deputadozinho afirma que atua em nome de Deus. Algo importante aos cristãos, aproximando votos necessários ao parlamentar, especialmente do extremismo neopentecostal que adora estruturar sua prática política na opressão ao outro. O Deus vingador dos desígnios dos pecadores é necessário falar pela boca fétida de cultuadores do ódio. Assim, a retórica bíblica, aliada a perspectiva de que defende a família - mesmo aprovando na reforma da previdência o corte de 50% nas pensões de nossas vovós e vovôs - servem para induzir a criminalização de mulheres e LGBTQUIA+, numa sociedade que já é a mais violenta contra esses grupos populacionais. Portanto, o nome de Deus e a insígnia sociológica da família servem para cultuar o ódio como prática política.


A Pátria é outra construção sociológica utilizada como referência eleitoral pelo parlamentar. Alega ele, na cara dura, que é defensor do país. Isso não é uma qualidade, é um atributo de todos nós brasileiros e brasileiras, difícil seria escutar do parlamentar que ele odiasse o Brasil. Mas, a retórica é que os militares e a direita (aqui enquadro o MDB) são patriotas e a esquerda é entreguista. Vou trazer um exemplo objetivo para olharmos juntos. Como deputado vinculado ao partido União Brasil, Nicoletti, aprovou o fechamento ou venda das refinarias de petróleo e de produção de insumos agrícolas no país, causando desemprego, gerando renda e trabalho em outras nações.


Já a dita esquerda que para ele são todos que discordam desse projeto entreguista da direita, promove a abertura de indústrias de refino no Brasil, gerando emprego aqui. Quem você acha que defende a nação? Os que se apresentam de direita, ou aqueles que se dizem de esquerda - nestes muitos nem são de esquerda, mas de uma direita nacionalista que defende o desenvolvimento do capital interno. Diferente do que pensa o partido de Nicoletti que busca entregar o país para os representantes do estrangeiro, como fizeram com a Eletrobras que entregaram para grupos chineses e de outras nacionalidades.


Enfim, Nicoletti é uma fraude completa, pois além de não sustentar suas posições é capaz de atuar de forma oportuna mudando completamente o caminho tomado conforme lhe seja conveniente. Esse é o tipo de pessoal que a sociedade roraimense quer tornar líder de algo, mesmo que seja da direita? Mas, após falar um pouco sobre as incoerências de pensamento, na realidade não sabemos nem o que ele pensa, pois é incapaz de tecer um raciocínio com início, meio e fim sobre a realidade do povo em BV, muito menos em Roraima. É importante dialogar com o que defende o partido União Brasil.


A origem desse partido remonta a Arena, partido da ditadura militar que levou o Brasil a uma crise econômica, social e política. Depois se transformou em PDS, PFL, Democratas e agora União Brasil. Em breve muda de nome novamente, basta começar a perder força, pois a identidade é algo que não é sério nesse partido. Veja, passou 4 anos ao lado de Bolsonaro e dos 700 mil mortos da Covid, agora integra com vários parlamentares as hostes do governo Lula. É possível acreditar na seriedade de membros desse partido? Pela prática concreta de Nicoletti é claro que não.


O partido de Nicoletti defende em seu décimo ponto do programa “Firme posicionamento contra qualquer espécie de discriminação e preconceito quanto à religião, sexo, raça, orientação sexual ou qualquer outra particularidade da condição humana. A fecunda manifestação de nossas diversidades deve ser valorizada e estimulada, com a promoção permanente dos valores fundamentais da tolerância, do respeito mútuo e da solidariedade”. O que fazem Nicoletti e Dinoz em um partido que defende a diversidade de gênero. Percebe como ele é um engodo. Já o tópico 17, do programa partidário, prevê o fortalecimento da educação básica e média, não mencionando o ensino superior, por isso que o partido abertamente no congresso nacional defende a privatização do ensino superior público.


Falando em privatização, como Nicoletti votou a favor das alterações da lei do saneamento básico em 2020 e se diz admirador de Denarium, o ex-ladrão para ele. Privatizaram a gestão do saneamento em Boa Vista? Essa é uma resposta que tanto Nicoletti, como os demais candidatos precisam responder, pois o marco para esse modelo privado entrar em atividade até 2033. Localmente os deputados estaduais do União Brasil, já votaram em 2021, a favor da Lei 300 que abre a possibilidade da privatização da água, ao retirar dos municípios a gestão do saneamento.


Enfim, precisa que Nicoletti responda a sociedade boavistense porque se arvora defensor do agronegócio, quando a realidade de nossa capital são pequenos proprietários. Irá o parlamentar se eleito retirar o apoio ao pequeno em benefício do grande produtor? Bem como, precisa o parlamentar explicar à sociedade qual sua política de privatização de serviços públicos que pretende implantar já que essa é uma bandeira de seu partido? Como candidato o parlamentar irá defender o garimpo e a contaminação ambiental? Enfim, primeiramente é necessário ao deputadozinho informar à sociedade porque no site de seu partido sua direção se encontra vencida, desde 30/04/2023, isso quer dizer que juridicamente as decisões tomadas não possuem amparo legal. Além de explicar qual o motivo do não comparecimento do presidente nacional, ao fiasco do evento de ontem, anunciado com galhardia pelo medíocre parlamentar.

 

A crise da Sesau

Quantas denúncias de superfaturamento serão necessárias para que o governador dos ricos promova a queda da secretária de saúde? Essa pergunta não pode ser respondida em virtude das relações de proximidade entre a detentora da pasta da saúde e a família do governador. Enquanto isso, a cada choque causado pelas investigações o povo roraimense enfrenta filas intermináveis para conseguir uma consulta ou realizar um exame. Fraldas geriátricas não existem, a exemplo de outros inúmeros insumos aos usuários do SUS em Roraima.


Mas, a onda privatizante só cresce na gestão de Denarium, que assina contratos milionários com diversas empresas para prestar serviços, no SUS, cada vez mais com pior qualidade. A experiência privatista da saúde em 1998 foi traumática ao sistema público de saúde, fazendo com que perdêssemos vários anos no processo de reorganização da rede de atenção. Após, a gestão do governador Cassado, teremos que recuperar o tempo perdido. Claro se o próximo governador tiver coragem de romper com as máfias organizadas na saúde de Roraima, algo muito difícil, em minha opinião, pois os tentáculos da organização criminosa parece ter se espraiado por todos os poderes.


A tentativa mais recente da secretária de saúde foi tomar a direção do conselho estadual de saúde, estrutura de controle social, dirigida a um tempo por um sindicato patronal. No entanto, divergências entre o presidente e a secretária promoveu a movimentação do braço do estado no intuito de reformular os representantes do conselho e promover a queda do atual presidente. Quando vejo, a cada semana, uma nova deúncia de corrupção, entendo a necessidade de cargos comissionados passarem a dirigir o conselho que tem entre uma de suas atribuições analisar as contas da gestão, as quais não são encaminhadas, agora sabemos um pouquinho o motivo e a necessidade da secretária colocar um apadrinhado seu para presidir a instituição de controle social do SUS.

 

O sionismo perdeu

O procurador do tribunal internacional penal acertou em caracterizar os ataques do governo sionista de Israel contra Gaza como crimes de guerra, inclusive com o pedido de prisão do primeiro ministro israelense. Neste tabuleiro de xadrez os organismos de multipolaridade, capitaneados pela ONU poderão sair derrotados se não houver uma aliança global de sustentação da condenação, no caso da decisão ser revertida, teremos um vale tudo que pode levar a milhões de mortos pelo mundo, pois, a lógica da guerra para combater inimigos deixará de preservar os direitos do povo, como o faz o governo israelense em Gaza e na Cisjordânia. Triste é ver Benjamim Netanyahu ao críticar a decisão do TPI qualificar o procurador e outros membros como antisemita, esse é um acinte com um tribunal que teve papel importante na punição severa de perseguidores de judeus em sua história de funcionamento. Ao utilizar a dor dos mortos na segunda guerra mundial e de outras perseguiçoes existentes na história aos judeus, demonstra o primeiro ministro israelense, seu total desrespeito ao seu povo.

 

Hospital de retaguarda indígena

A proposta do governo federal consiste em um grave erro, caminhando na contramão do que preconiza o SUS. A idealização de uma atenção primária diferenciada e a criação de incentivos aos estabelecimentos hospitalares que atendem indígenas foi um acerto da política no passado. No entanto, ao segregar o atendimento em uma estrutura específica, abre o governo federal uma porta que pode não ter mais volta, retomando investimentos por grupos populacionais, desconstruindo um dos principais princípios do sistema de saúde, a universalidade de acesso. O sistema é único e deve ser mantido dessa forma, consolidar o processo humanizado de atendimento aos indígenas é necessário, como o é a cada cidadão e cidadã brasileira, onde se insere os indígenas. Ainda é momento de reverter a proposta, priorizando a reformulação dos critérios de financiamento, inclusive com a possibilidade de se reconfigurar políticas abandonadas a muito tempo, como o fortalecimento das parteiras tradicionais que podem evitar a morte de muitas mulheres e crianças. Precisamos repensar e fortalecer a atenção primária e garantir a continuidade de tratamentos de alta complexidade nas comunidades indígenas, após a alta dos pacientes. Priorizar a hospitalização é um erro que deve ser revisto, em nome do SUS que conhecemos hoje, apesar de suas iniquidades promove um olhar integral a todos os povos, abrir mão do que idealizamos no final da década de 1980 é um grave retrocesso.


Bom dia, com alegria.

 

Fábio Almeida

 
 
 

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