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Coluna Tucandeira - 25/08/2025

  • Foto do escritor: Fabio Almeida
    Fabio Almeida
  • há 7 dias
  • 9 min de leitura
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*Fábio Almeida


A crise de poder político e institucional estabelecido no território brasileiro, consagra duas posições claras, em um campo temos neoliberais e liberais que se aninham no campo liderado por Bolsonaro e seus aliados, noutro campo temos parte da esquerda, sociais-democratas de viés liberal e algumas estruturas do liberalismo. Aqui é importante salientar que a esquerda revolucionária possui uma posição distinta dos dois agrupamentos centrais nessa crise institucional, mas não é capaz de formular uma proposta concreta de caminhos a seguir.


Neste contexto de disputa política a principal atacada é a Democracia, mesmo nas bases de seu limite estrutural burguês, limitada em sim, mas permite os processos de organização do povo, para enfrentar a lógica efetiva de exclusão política, social e econômica, imposta pelo modelo de produção capitalista, a cada dia mais duro com o povo em geral, principalmente os mais jovens, ante o processo de robotização e automação de serviços e produção.


Desta forma, os ataques ao STF consistem, por parte da extrema-direita, em um caminho de desestruturação de uma das ferramentas da Democracia Burguesa, o poder judiciário que integra a divisão de poderes em nossa constituição: Executivo; Legislativo; e Judiciário. A derrota para a ampla aliança política encabeçada por Lula, limitou temporariamente os tentáculos institucionais da extrema-direita que tentará retornar ao executivo federal em 2026. No entanto, reorientar a atuação do STF para atender suas demandas de desvinculação do salário-mínimo da aposentadoria e do BPC, ou mesmo, retirar investimentos mínimos em saúde e educação, ou congelar o aumento do salário-mínimo, essas mudanças impõe a necessidade de um STF comprometido com as orientações ideológicas dos neoliberais.


Para isso, fundamentalmente eles requerem uma política de comunicação que busque ampliar o desprestígio institucional do STF, sistema já fomentador de distorção social, pois suas decisões agradam uns e desagradam outros. Para ampliação dessa política, já adotada pela extrema-direita desde março de 2019, adota hoje esse agrupamento político uma aliança estratégica com um poder estrangeiro, conjuntura que agrava a crise política, pois qualquer decisão a favor de Bolsonaro se caracterizará como adesão do STF aos EUA, contrariamente, amplia-se a pressão internacional dos EUA que encontraram, no Brasil, um grupo de nacionais que se sujeitam aos seus interesses.


Neste quadro conjuntural, a defesa da Democracia assume um tom maior, a defesa da Soberania de nosso país. Aqui, temos uma mudança significativa desse processo de disputa política e institucional, pois uma disputa interna, de cunho nacional, sobre o efetivo poder político, assume agora a defesa da nação. Desta forma, os embates assumem outras paragens, já que a “anistia a golpistas” deixa de ser um debate sobre a defesa da Democracia, para assumir um contorno de defesa da Soberania. Essa mudança transforma integralmente o processo de disputa, demonstrado já em pesquisas eleitorais, a adesão de uma maior parcela do povo em defesa do país e contra intervenção estrangeira.


Esse erro estratégico da extrema-direita permite um reagrupamento do campo que defende a Democracia, permitindo um protagonismo político, já exaltado pelo PT em recente entrevista do seu novo presidente. Aqui, fundamentalmente é necessário encontrar caminhos que superem o projeto legislativo da extrema-direita que é ampliar sua maioria parlamentar a ⅔  dos integrantes do congresso. O risco efetivo da esquerda e sociais democratas é efetivar alianças que levem representantes do campo da extrema-direita ao congresso nacional.


A atual conjuntura política, exige obviamente uma ampliação ou manutenção da frente criada em 2022 pela socialdemocracia, assim, necessita reordenar esse arranjo, ante a capilaridade de apoio com a defesa da soberania que ganha o Presidente Lula, tomando como referência um programa mais arrojado ao combate às desigualdades. Não poderá o governo em nome da ampla aliança, em 2026, admitir composições ao senado com representantes da extrema-direita, especialmente ao Senado Federal. Isso vale para tentativa de aproximação com a federação União Progressista que majoritariamente possui candidatos comprometidos com a premissa de vilipêndio da Democracia. 


Neste quadro consiste em um grande equívoco a imprensa e parte dos formadores de opinião apresentarem um quadro político de polarização. Não há no Brasil polos distintos. Na atual quadra histórica, reproduzindo momentos outros da história política brasileira, vivemos com duas frentes claras, cujo seu papel é claro, em um campo político encontram-se os defensores da Democracia e da Soberania, no outro campo os apoiadores de uma autocracia e da submissão nacional aos interesses dos EUA.


Desta forma, equivocadamente muitos falam em polarização, esse termo não pode ser usado, em virtude de não termos polos distintos, temos os defensores da Constituição no campo democrático e os entreguistas que almejam vilipendiar nossa Carta Magna. Desta forma, aqueles que se encontram no campo do Bolsonarismo não podem ser vistos como um Polo, pois revertem em suas ações políticas nossos princípios constitucionais.


Em Roraima, necessitamos, ante a divisão da extrema-direita e da direita, projetar uma unidade com capilaridade de votos para disputa das eleições de 2026 ao Senado Federal, o quadro político que se apresenta possibilita eleger um representante do campo progressista, neste caso, um dos nomes que podem ser considerado é o de Chico Rodrigues que apesar de sua origem na Arena e suas posições anti demarcação de terras indígenas, pode voltar ao senado, meando dessa forma o projeto eleitoral dos golpistas em nosso Estado. Porém, essa unidade se efetivará com a premissa de que a composição partidária da coligação respeite representantes de partidos como o PT e o PSOL.


As pesquisas realizadas em Roraima demonstram uma maior aprovação do governo Lula, ampliando os cerca de 26% que teve no primeiro turno das eleições de 2022, desta forma, uma candidatura unificada ao Senado Federal permitiria uma chance de vitória desse campo democrático, contribuindo para manutenção da casa superior, do legislativo nacional, no campo da democracia, ceifando literalmente o interesse da extrema-direita protagonizar guilhotinagem de ministros do STF, sem crimes objetivos, ou mesmo a cassação de Lula, caso reeleito Presidente da República.

Um olhar comprometedor

Recentemente o povo brasileiro ficou perplexo com o vídeo produzido pelo influencer Felca que expôs a forma comprometedora de crianças e adolescentes nas redes sociais, muitas vezes com anuência dos responsáveis. Felizmente, o congresso não enveredou por esse caminho, apesar de posições políticas de extremistas de direita, a exemplo do Deputado Federal Nicoletti, que afirmavam que as redes sociais não possuíam responsabilidade alguma com os vídeos maneatados para atender perfis de pedófilos e ganhos financeiros às redes sociais. A aprovação do PL 2628/2022 enfrenta, apesar de sua timidez, a responsabilização das redes sociais quanto a proliferação e monetização de vídeos e fotos que exponham crianças a rede mundial de pedofilia. O país trata de forma dura a prática desse crime, apesar de ainda não ser considerado hediondo, passo necessário a ser dado pelo congresso nacional, desde 2022 debate-se no senado federal o PL 219/2022 que transforma a prática da pedofilia, bem como a distribuição de filmes, imagens e vídeos que envolvam crianças e adolescentes em crime hediondo.

Reforço do Crime

Na última quinta-feira, a comissão de direitos humanos do senado federal realizou mais uma audiência pública para debater a resolução do CFM 2.378/2024 que proibia a realização do procedimento de assistolia fetal em fetos com mais de 22 semanas. A medida atinge diretamente mulheres estupradas que em sua maioria consegue o direito legal ao aborto por via judicial, após esse prazo legal. Ou seja, a mulher violentada psicologicamente, fisicamente e sexualmente seria obrigada a conviver com a geração de um feto daquele momento de horror. Na audiência que contou com médicos, autodenominados cristãos, argumentando que após esse período já existe uma vida, não podendo o Estado avalizar o assissinato de uma pessoa, já que a pena de morte é proibida no país. A sugestão de todos é a destinação da criança para adoção.


Em nenhum momento os profissionais, todos homens cristãos, veem a mulher, mas sim, o feto. A vida gerada pela violência, supera a vida da mulher violentada. Felizmente, o STF suspendeu a efetividade desta resolução, permitindo que nossas mulheres pudessem ter reconhecido seu direito ao aborto em caso de terem sido violentadas. Porém, os senadores Magno Malta (PL), Eduardo Girão (NOVO) e Damares Alves (Republicano) em aliança com os movimentos pró-vida e Brasil sem aborto continuam a promover esse nível de violência contra nossas mulheres, lamentavelmrnte vemos a casa legislativa protagonizar a transmissão ao vivo desse tipo de ataque as nossas mulheres.

Mecias no TCE

Audiências secretas marcaram a aprovação do nome de Mecias de Jesus ao Tribunal de Contas de Roraima. Os procedimentos foram agilizados pela casa legislativa roraimense, permitindo que a indicação de Denarium, em um de seus últimos atos no mandato, fosse atendido de forma objetiva pelos deputados que se demonstram subservientes ao interesse do mandatário do Palácio Senador Hélio Campos. Mecias que ainda responde processo pelo crime dos gafanhotos - estrutura de funcionários fantasmas criados para desviar dinheiro público durante o governo Neudo Campos - irá ser responsável pela análise das contas dos Entes federados, ALE e TJ.


A aprovação demonstra que não há por parte dos Deputados Estaduais nenhum compromisso com o povo roraimense, pois é inadmissível que uma pessoa que responde a processo de corrupção, vá ser responsável por avaliar a integridade das contas de seus pares políticos. Outra questão que gera especulações, consiste no interesse de Denarium em retirar Mecias da disputa ao Senado Federal em 2026, potencializando sua candidatura, caso não perca os direitos políticos no processo de cassação na pauta do TSE para julgamento no próximo dia 26/08/2025. A suplente de Mecias, Roberta Accioly que tomará posse é esposa de um dos investigados em desvios de dinheiro da saúde pública roraimense, além de viver de um cargo comissionado de R$ 20 mil, com lotação no gabinete do Presidente da CAER, cargo indicado pelo senador que passará a integrar a nossa corte de contas.

Dia do Folclore

No último dia 22 comemoramos esse marco da cultura brasileira. Nossos mitos e lendas deixam em tempos de redes sociais, de ter o protagonismo que tinha tempos atrás. O apagamento de uma cultura é efetivada por meio de símbolos que a estruturam, neste caso específico, nosso folclore é regado de uma rica mitologia que vai do guardador da floresta, nosso Curupira, ao Coco de Roda. Nossas escolas cada vez mais deixam de efetivar  ações que reforcem essas manifestações culturais, acredito que crescimento da influência cristã, que acredita que a Mãe D’água é uma representação do Mau, não de proteção de nossas águas contribui para isso. É necessário que retomemos essa realidade mágica como uma ferramenta estruturante de nossa sociedade e do simbolismo que nos forja como pessoas.

Ações do IBAMA

O governo federal após o processo de desintrusão da TI Yanomami, volta seus olhares à consecução de ações mais fortes na TI Sararé. A ação iniciada em 01/08/2025 destruiu em quase um mês 100 escavadeiras, 312 motores estacionários, 428 acampamentos, 50 mil litros de combustível, 42 motocicletas, 9 caminhonetes e 10 caminhões. O processo de desintrusão de terras indígenas invadidas para instalação de garimpos, de forma criminosa, consiste em um processo que possuía apoio político do governo central do Brasil, durante o mandato de Bolsonaro. A tarefa não é simples, mas o IBAMA, em conjunto com as forças de segurança e outros órgãos federais promovem um ordenamento dessas regiões com golpes não apenas na estrutura criminosa de exploração de minerais, mas também na cadeia logística e na rede de lavagem de dinheiro, oriundo do crime de exploração garimpeira em terras indígenas. No mesmo período, a extrema-direita, em aliança com a direita brasileira promoveu no congresso nacional análise de projetos de Lei que permitem a adoção do garimpo como uma realidade nas terras indígenas, colocando em risco os povos originários e o meio ambiente.

Por que não a população preta?

A ALE/RR aprovou na última quinta-feira, 21/08/2025, um avanço institucional na política de acesso ao ensino superior, na prática 50% das vagas na rede pública estadual será destinada da seguinte forma: 10% para pessoas com deficiência; 5% para indígenas que concluíram os estudos em escolas de ensino médio localizadas na terra indígena; 3% para indígenas que concluírem o ensino médio na rede normal; 3% para ribeirinhos que concluírem o ensino médio em escolas localizadas nessas regiões; e 27% para estudantes oriundos da rede estadual de ensino. Ao somarmos os percentuais não chegamos aos 50% estabelecidos pela Lei. Importante que a casa corrija esse erro antes do encaminhamento para análise do executivo.


As cotas estabelecidas possuíram manifestação no ato da inscrição, no entanto todos concorrerão a ampla concorrência, sendo destinada às cotas após a classificação dessas vagas. A aprovação do PL é um avanço institucional importante. No entanto, porque os parlamentares não incluíram a população preta de Roraima? Essa ausência é incompreensível já que vemos poucos pretos nos cursos superiores da UERR, segundo o IBGE esse estrato populacional representa 7,7% da nossa população. É necessário que os parlamentares possam corrigir essa posição, pois a inclusão de pretos nos espaços de formação é importante para a diversificação de nossos futuros profissionais. Precisamos agora avançar para que as cotas sejam também estabelecidas para concursos públicos de todos os poderes roraimenses.

Sou defensor de Trump

Em entrevista ao panfleto radiofônico da extrema-direita, veiculado aos domingos, o Deputado Federal Diniz - que assumirá a presidência estadual do União Brasil - afirmou que a culpa pelas taxações impostas ao Brasil, pelos EUA, é de responsabilidade do Presidente Lula. Essa posição política demonstra que o parlamentar alinha-se a uma leitura equivocada da realidade - algo natural para quem defende que mulheres estupradas não pode ter direito ao aborto - pois, retira da análise o cárater de ingerência na política interna de nosso país. Apesar dos textos publicados por Trump e as falas do Deputado Federal Eduardo Bolsonaro, afirmarem o vínculo das taxas ao processo aberto contra Bolsonaro, o parlamentar roraimense afirma de forma distorcida que as taxas são de responsabilidade da presidência da República. Como assim? É possível que Lula tenha ligado para Trump e pedido as taxas? Não. Vemos nas publicações de vídeos da extrema-direita que as taxas não possuem um viés econômico, mas sim político. É lamentável que um parlamentar tergiverse sobre essa agressão à soberania de nosso país.


Bom dia, com alegria.

*Jornalista


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