
A pesquisa eleitoral divulgada pela empresa Quest, no dia de ontem, deixou em polvorosa a direita e a mídia reacionária. Os indicadores demonstram uma queda de popularidade do governo Lula, apesar de os cenários eleitorais do próximo ano, apontarem Lula como um forte candidato, com chances reais de ser reeleito. No entanto, o chamariz midiático bradou indicadores que apontam a necessidade de o governo mudar de rota.
Antes de podermos analisar os dados apresentados na pesquisa é fundamental que olhemos para o contexto da pesquisa. Sem justificativas a empresa escolheu 8 estados que apontam a necessidade de o governo mudar de rumo. A divulgação referendou pela imprensa uma análise sobre o governo a partir dos dados da Bahia, Goiás, Minas Gerais, Paraná, Pernambuco, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e São Paulo, destes apenas Goiás não é relacionado entre os 10 maiores colégios eleitorais.
Adotar esses dados para projetar as eleições vindouras é um erro crasso, fosse fruto das mídias sociais, seria compreensível. No entanto, ver jornalistas repercutindo leituras equivocadas e tendenciosas demonstra que a grande mídia já iniciou seu processo de aliança com a candidatura da oposição, seja ela quem for. Não é legítimo, ético e democrático ver profissionais da imprensa afirmarem que a projeção média desses Estados com 83% das pessoas entrevistadas afirmando que o governo deveria ser diferente, refere-se também em intenção de voto. Isso é má fé intelectual. Tenta inviabilizar a candidatura do atual presidente da república a reeleição.
Importante avaliar os dados em relação a votação tida por Lula no primeiro turno netas unidades da federação. Em Pernambuco Lula teve 67,2% dos votos válidos, na Bahia foram 69,7%, no Rio de Janeiro 40,6%, São Paulo 40,8%, Minas Gerais 48,2%, Paraná 35,9%, Rio Grande do Sul 42,2%, Goiás 39,5%. Esses dados são fundamentais para observar a análise que proponho abaixo.
Os votos destinados no primeiro turno ao atual Presidente da República foram idealizados por meio de um processo de transformação do Estado inquisitorial, excludente, racista, misógino e homofóbico que se estruturava, por meio de um projeto da burguesia que consolidava o sequestro do orçamento público pelos especuladores financeiros, neste ano lucraram com juros quase R$1 trilhão, valores muito acima do orçamento da saúde pública, que perdeu, no dia de ontem, um excelente quadro técnico como autoridade sanitária nacional do SUS.
Passado esses parágrafos introdutórios, necessários para avaliar os indicadores de forma correta é fundamental entender que nas eleições de 2022, a gestão de Lula e seu modelo de Estado foi aprovado eleitoralmente por 50,8% dos eleitores. Essa informaçãoé fundamental para avaliar aquele indicador da necessidade da mudança de rumos. Adotando esse procedimento teórico é possível chegar a um bom debate sobre esse tema.
Inicialmente, precisamos compreender que uma parte dos eleitores de Lula, em 2022, vieram do campo liberal democrático, ou seja, dedicaram votos e cobraram posturas administrativas do futuro governo, em virtude dos riscos sociais, econômicos e políticos advindos com uma reeleição de Bolsonaro. No entanto, a grande maioria dos votos veio dos pobres, da classe trabalhadora, das mulheres, dos indígenas, dos negros e de parcela significativa da juventude. Esses eleitores tinham preocupação com a Democracia, mas seu principal desejo era reverter a política de cunho liberal implementada no país, após o golpe parlamentar contra a ex-presidente Dilma.
O que vemos é um governo que retomou políticas públicas importantes ao processo de reconhecimento de setores marginalizados, bem como, recompôs o orçamento, permitindo a retomada de investimentos em setores estratégicos a política de cuidado com o nosso povo. Mas, encontra-se acorrentado aos acordos da ampla aliança de cunho liberal. Isso, demonstrou-se quando da aprovação da “Nova Regra Fiscal”, denominada “Arcabouço Fiscal”. A proposta é melhor que a implementada por Temer, no entanto, mantém a mesma lógica inibidora de investimentos públicos, independente da arrecadação. Esse mesmo regramento, não possui trava alguma ao crescimento das despesas financeiras do governo, as quais saltam os olhos com a ampliação da taxa Selic, em 2024, gastamos com pagamento de juros R$940 bilhões, 4,3 a mais que os recursos destinados a saúde e 9,4 vezes o total destinado a educação.
O programa, Minha Casa Minha Vida, foi retomado, mas de forma tímida em sua proposta de permitir que o próprio povo orquestre a construção de suas casas. A lógica foi premiar as construtoras, por meio de modelos que potencializam diretamente os grupos políticos locais, não as organizações sociais que mantiveram a estrela de Lula brilhando nos momentos mais críticos dos ataques políticos desferidos pela burguesia contra o projeto reformador capitaneado pelo atual Presidente. O governo deveria ter promovido uma ampla contratação do Minha Casa Minha Vida Entidade, mas a tentativa de agradar o agronegócio, não permitiu que o subsídio dos juros a casa própria para os pobres pudesse se efetivar, o arcabouço não permitia.
São situações deste tipo que aparecem nas pesquisas eleitorais, com a classe trabalhadora e parte da classe média, dita progressista, mandando um recardo claro ao governo federal. Ao afirmarem que querem a mudança de rumos do governo, bradam por uma ruptura concreta com a lógica neoliberal que permeia setores importantes do primeiro escalão. Ao mesmo tempo, na pesquisa apresentada pela Quest, vagamente, neste quesito, difundida pela imprensa financista que ganha milhões de reais com os juros da dívida pública, apresentou a vitória do Lula em todos os cenários possíveis, exceto quando o inelegível Bolsonaro aparecia, no segundo turno, estavam em empate técnico.
A pesquisa, difundida, pela direita e extrema-direita, como um alento para 2026, foi vista pelos partidos progressistas de forma equivocada, ao se promover movimentações que ampliam a participação da direita no governo, políticos e partidos que provavelmente deixarão o PT no navio em 2026. Por isso, fundamentalmente o PT necessita corrigir os rumos, conclamando o povo contra o congresso entreguista e reacionário que temos, já o governo deve apostar no fortalecimento de projetos e programas que fortaleçam soluções idealizadas pela classe trabalhadora, por exemplo, os modelos de criação de assentamentos, idealizados por meio da parcela de recursos não contingenciados pelo arcabouço fiscal é uma ótima saída.
Esse mesmo passo, precisa agora direcionar-se para atender pequenas e micro indústrias, além de empresas que podem mudar sua planta de produção para beneficiamento de alimentos. Uma medida dessa, por meio de créditos específicos para beneficiar alimentos permitiria uma micro-revolução, na vida real das pessoas, especialmente no campo, mas também nas cidades, com a redução do custo dos alimentos, pois potencializaríamos uma cadeia produtiva, ainda incipiente em nosso país.
Enfim, as pesquisas divulgadas nessa semana não demonstram que a classe trabalhadora abandonou o governo, em busca de uma aliança com o projeto reacionário da extrema-direita e da direita, observar a realidade dessa forma consiste numa simplificação da análise política. Mas, os números demonstram que o governo deve levantar a cabeça e observar que sua aliança é com o povo mais pobre e os trabalhadores, ou veremos aventureiros piores que Bolsonaro poderem eleger-se Presidente da República para serem mamulengos de grupos econômicos específicos que podem dilapidar nossas riquezas e relegar a fome e a pobreza extrema a grandes parcelas de nossos cidadãos e cidadãs.
Palhaçada
A Prefeitura Municipal de Boa Vista, conclamou a população a participar de uma audiência pública, na noite de ontem, para debater a versão final do Plano de Mobilidade Urbana de Boa Vista. O evento realizado no prédio comprado ou alugado recentemente pela gestão municipal para implantação de uma escola, não foi uma audiência, foi uma apresentação pública de um projeto de péssima qualidade. A proposta, apesar de possibilitar alguns avanços, criará muitos gargalos em nosso trânsito, além de calar o povo ante os sérios problemas que enfrentamos na circulação de pessoas, veículos e bicicletas.
Questões importantes como o caos da avenida Centenário não são nem mencionados, a não ser que o viaduto proposto promova alterações de fluxo com alças que vierem a ser idealizadas, mas isso não se encontra na proposta. Mais uma vez, a zona azul é apresentada sem considerar a existência de equipamentos públicos que impõe a necessidade de regulações especiais, além dos trabalhadores em repartições públicas e privadas que não são nem mencionados na proposta de cobrança por estacionamento em via pública, proposta que atingirá inicialmente a área de centro velho da capital e o trecho de comércio da Ataíde Teive.
Por último, é importante salientar que o retorno de quarteirão proposto no semáforo da Mário Homem de Melo e da Ataíde Teive com a Avenida Venezuela promoverá congestionamentos colossais. Esse tipo de lógica de contorno em vias arteriais é muito eficiente, no entanto, sua implantação sem a utilização de semáforos, como proposto criará o caos, trazendo muita dor de cabeça às pessoas. Problemas graves em outros pontos de estrangulamento de nossa cidade não foram observados.
Quanto ao transporte coletivo, as propostas centrais será a adoção de vida útil de veículos para transporte individual ou coletivo de passageiros por meio de motos ou veículos de passeio. Quanto aos ônibus a grande novidade será a adoção de espaço para bicicleta nos ônibus, isso uma proposta importante, mas paramos por aí, pois o outro grande avanço é a adoção de trechos interbairros, sem a passagem pelo centro da cidade. Quase a totalidade de nossas linhas de ônibus já funcionam há vários anos com a lógica de interbairros, quadro que impõe horas e horas de espera em pontos de ônibus feitos para regiões frias – quando esses existem, pois, saindo das ruas principais não há pontos de ônibus erguidos para o povo. Não há nenhuma menção a esse tipo de equipamento público que poderia também ser estruturado com estacionamento e bicicletário para pessoas que saíssem de suas casas para centros de embarque, os quais também são inexistentes no planejamento.
Enfim, não temos nada de novo, a não ser os sonhos econômicos de construir viadutos e elevados no eixo central da avenida Venezuela, importante via receptora de grande fluxo de veículos. Quem ainda não conseguiu ver os produtos orçados em R$3,9 milhões clique aqui para conhecer a proposta que mantém em nossas vias arteriais os estacionamentos na guia do meio fio. O pior é que tudo isso é feito com o silenciamento do povo que não tem direito a fala nos eventos do palácio 9 de Julho, será que já são as influências da aliança com Bolsonaro, já que no plano diretor, ao menos a população teve como se expressar, onde o semáforo da BR174 sul com a rua Campo Grande saiu de uma audiência pública realizada no Nova Cidade.
Adiós Denarium
Na última segunda-feira, o governador do Estado cumpriu as ordens do presidente da Ca$a Legi$lativa estadual e demitiu Cecília Lorezon da pasta da saúde, nomeando a secretária adjunta como titular. Na prática manteve os poderes e negócios de Cecília na saúde. Porém, não tinha o governador afastado a investigada da CER, onde atua como liquidante da companhia energética, situaçãoresolvida na terça-feira. Isso mesmo, Cecília acumulava dois salários de secretária de estado, percebendo quase R$60 mil todos os meses. O ocorrido foi a decretação de que Denarium não possui mais poder político para governar o Estado, estando os rumos sendo direcionados pela ALE/RR e a grande aliança que se estabeleceu entre os Deputados Estaduais que veem ali na frente a possibilidade de governarem RR, retirando do jogo os ratos tradicionais da política. Vejamos o que acontecerá, mas Denarium em 24/02/2025 assinou o Decreto de que não governa mais Roraima.
Patriota?
Alguns parlamentares, a exemplo do Deputado Federal Nicoletti, aliado de Romero Jucá, isso é normal para esse parlamentar, costuma chamar as pessoas de ladra, depois aparece ao lado delas. Será que também estará ao lado de Lula em 2026? Esse parlamentar encheu as mídias sociais com tráfego pago e as nossas rádios com um chamado que inicia com a expressão "patriotas temos que ....". A questão central é como um parlamentar que rasteja aos pés do presidente estadunidense, cobrando do governo da trupe fascista de lá, sanções econômicas contra ministros do STF e membros do governo, ou mesmo, um parlamentar que silencia ante a ampliação de tarifas de importação impostas unilateralmente pelo governo estadunidense que atingirá a geração de empregos e a circulação de renda aqui. Possui a ousadia de denomina-se um Patriota. Essa palavra, usurpada por golpistas e reacionários deve ser destinada a pessoas que defendem os interesses nacionais. Parlamentares, como Nicoletti, apenas a usam como forma de sensibilizar pessoas em torno do nacionalismo, quando na verdade são uns Vende-Pátria que aplaudem atos imperialistas contra nosso povo e nossa soberania. Sigamos na resistência a essa trupe de entreguistas.
Venezuela
A suspensão de parte dos embargos contra a Venezuela, em 2022, pelo governo Biden, ao autorizar que a empresa Chevron retomasse sua produção de óleo cru no país bolivariano, foi retificada por Trump essa semana. Dessa forma, o processo de comercialização de petróleo que havia permitido uma certa retomada econômica do país de Canaima, não aos patamares pré 2013, mas que permitiu o retorno de venezuelanos das terras de Roraima para seus lares na Venezuela deve voltar a ser abalado. O endurecimento dos embargos econômicos contra a Venezuela potencializará o retorno de grandes fluxos migratórios, mesmo o país de Maduro já se encontrar em melhores condições econômicas em relação as parceiras comerciais, do que a realidade enfrentada em 2017, quando da ampliação dos embargos efetivados por Trump. O governo federal brasileiro precisa ficar alerta, pois com os cortes financeiros a organização, como a Caritas, temos uma tendência que precisemos reorganizar o processo de acolhida, a fim de podermos evitar graves crises em nosso solo.
Trump
Aos pobres que imigraram de forma ilegal para os EUA, o governo estadunidense reserva prisão, algema e deportação, além de confisco dos bens. Aos mais ricos, a proposta é paguem pela sua cidadania. Isso mesmo. Quem tiver US$5 milhões poderá comprar a cidadania. Não importa a origem, não importa os negócios, não importa o caráter. O que vale para Trump e sua trupe de fascistóide é a grana no bolso, ou melhor nos cofres do Estado e nas mãos das big techs que já receberam de Trump em contrapartida pelo apoio nas eleições quase US$ 1 trilhão em recursos públicos nos próximos quatro anos. Essa medida do presidente estadunidense externa claramente o conceito de luta de classes, aos burgueses o que o dinheiro pode comprar, aos trabalhadores os duros cacetetes das forças policiais. O pior é ver políticos brasileiros aprovando todas essas barbáries.
Bom dia, com alegria
Fábio Almeida
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