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Coluna Tucandeira 29/09/2025

  • Foto do escritor: Fabio Almeida
    Fabio Almeida
  • 29 de set.
  • 8 min de leitura
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Venderam Boa vista? Essa é uma pergunta que se relaciona diretamente com as negociações efetivadas entre o clã comandado por Romero Jucá (MDB) e Teresa Surita (MDB) e o bolsonarismo capitaneado na conjuntura atual pelo vice-prefeito de Boa Vista Marcelo Zeitoune (PL). A aproximação dos campos políticos dar-se nos processos preparatórios das eleições de 2024, quando o atual prefeito de Boa Vista, na tentativa de reeleição aproximou-se de Bolsonaro, trazendo Zeitoune para compor a chapa do MDB.

O bolsonarismo até então classificava o grupo político de Jucá – onde se origina Artur Henrique, prefeito da capital que se encontra em processo de filiação ao PL – como um dos centros de corrupção. O próprio Bolsonaro na época da campanha em 2018 afirmou que não discutiria apoio de uma pessoa envolvida em casos graves de corrupção, referindo-se a Jucá. A realidade prática não foi bem essa, em 2022, seu partido apoiou a candidatura de Teresa Surita (MDB) ao governo de Roraima, já em 2024, embarcou na Nau jucariana de corpo e alma presente, inclusive com o ex-presidente pedindo voto para a criatura do Jucá.

Sabemos que a política no âmbito da democracia burguesa não é afeita a princípios ideológicos objetivos, vemos em muitas situações contradições imensas nas composições de chapas. Uma frase atribuída a Antônio Carlos de Magalhães, “na política até boi voa”, reproduzida localmente pelo ex-governador Ottomar Pinto, serve para referenciar esses processos políticos, pois na prática o que importa é a manutenção do poder político, assim, princípios e posições públicas podem ser vilipendiadas em nome da continuidade, especialmente quando as lideranças se constituem como verdadeiras aristocracias a usurparem o poder do povo.

Passada essa aliança final, começamos a ver a adesão ao projeto político de outras personalidades da extrema-direita das terras de Makunai’mî, as quais passam a estabelecer relações diretas com a Prefeitura Municipal de Boa Vista, dentre essas destaco a entrada na Nau de Jucá do deputado federal Antonio Nicoletti, uma das vozes reacionárias da extrema-direita roraimense. Essas movimentações demonstram que a aliança entre o jucarianismo em Roraima e o Bolsonarismo, não consistem em uma aliança pontual. Essa conjunção da direita brasileira – lembremos que o MDB é signatário do programa neoliberal a Ponte para o Futuro, lançado poucos meses antes do afastamento de Dilma Rousseff do exercício da Presidência da República – com a extrema-direita fundamenta-se em torno de um projeto de poder local.

A grande questão era tentar compreender o que havia sido colocado sobre a mesa de negociação? Pois, a aliança heterodoxa envolvia campos políticos até então distantes, levando Bolsonaro a abrir mão de uma aliança local com Antônio Denarium, parceiro fiel do bolsonarismo – a vontade de Denarium para impressionar o ex-presidente era tamanha que chegou a anunciar em 2022, após o primeiro turno, que havia acabado com o PT em Roraima. Não se rompe com uma aliança, para apoiar um grupo adversário na política local, sem um acordo muito bem definido.

A compreensão desse acordo ficou claro quando o conjunto da gestão pública da nossa capital começou a apresentar Artur Henrique como candidato ao Senado Federal, vaga essa pleiteada pelo Romero Jucá. Não haveria a possibilidade concreta de Jucá abrir mão de voltar ao senado federal, sem que lhe fosse garantido algo melhor e mais sólido. A liga desse acordo surge com a cassação de Denarium por corrupção eleitoral com uso de dinheiro público. A fundamentação da cassação baseada no descumprimento do inciso IV, artigo 73, da Lei 9.504/1997, permitiu que o grupo de Jucá enveredasse com a aliança com o bolsonarismo, pois as chances de se reverter a decisão do TRE/RR é nula.

Desta forma, a cidade de Boa vista foi negociada com a trupe eleitoral de extrema-direita, pelo MDB. A campanha de reeleição de Artur Henrique, em 2024, não necessitava da aliança bolsonarista para continuar à frente do Palácio 9 de Julho. Mas, para Jucá surgia a oportunidade de estabelecer elos que possibilitariam o retorno de seu clã ao centro do poder político estadual, um sonho que se estabelece desde sua saída do cargo de governador biônico de Roraima em 02/04/1990. Várias foram as tentativas da família Jucá voltar a governar Roraima, todas derrotadas em virtude do baixo apoio da população dos 14 municípios do interior de Roraima, assim, a conjuntura permitiu que Jucá aliado ao bolsonarismo trilhasse um caminho para o Palácio Senador Hélio Campos.

A possibilidade da realização de uma eleição extemporânea, parada em virtude do ministro extremamente evangélico do STF, com mandato no TSE, ter pedido vistas ao processo, oportunizará Jucá reagrupar apoio político, por meio da relação direta de Bolsonaro a uma candidatura do MDB ao governo de Roraima. O melhor nome dessa súcia é o de Teresa Surita que figura bem nas pesquisas eleitorais. Em 2022, ela chegou a ter 41% dos votos válidos, com Bolsonaro pedindo votos para seu adversário. Assim, a candidatura de Teresa Surita com a realização de uma eleição extemporânea é um fato consolidado, contando agora com o apoio do bolsonarismo e das igrejas neopetencostais que em Roraima possuem grande importância nas eleições majoritárias. Artur chegou inclusive a convertesse ao evangelho cristão, estabelecendo agendas em diversos templos religiosos que sustentam o reacionarismo político da extrema-direita em Roraima.

A decretação desse apoio político não poderia sair de graça ao bolsonarismo. A conta a ser paga foi a administração da cidade de Boa vista, por isso, o nome de Artur Henrique é lançado ao Senado Federal, projeto eleitoral que inclusive retirou a possível candidatura de um dos filhos do ex-presidente a casa alta do congresso nacional. Assim, nossa capital foi negociada com o bolsonarismo que tentará se estabelecer além da capilaridade eleitoral do ex-presidente da República e sem a necessidade de ter que realizar alianças com grupos políticos locais. A partir da gestão de Boa Vista o bolsonarismo pretenderá estabelecer um novo centro de poder, reunindo as posições mais reacionárias em torno de um projeto de poder que não inclui o povo e suas formas de organizações sociais, apenas acordos estabelecidos nos escritórios frios, não mais de Brasília, mas de nossa esbraseante cidade dos Paricaranas.

Assim, tivemos nossa cidade vendida ao bolsonarismo. A questão é se o progressismo local manterá apoio a Teresa Surita, a partir dessa mudança drástica de posição política. O MDB, com Surita sempre circulou bem com a centro-esquerda roraimense que nas disputas eleitorais da cidade caminhou em torno de sua liderança, isso se demonstra nos 24 anos que o grupo de Jucá governa Boa Vista. Será que a aliança com o reacionarismo liderado pelo Bolsonarismo irá permitir o mesmo apoio a uma candidatura ao governo de Roraima? Essa é uma questão que o MDB terá que responder, em consonância a outra questão que precisa ser respondida. Qual o resultado prático ao povo com o consentimento de que reacionários extremistas de direita cheguem ao poder politico roraimense? Essa é uma questão concreta que Teresa Surita e Romero Jucá terão que responder, pois ficarão na história como os idealizadores do retorno de militares ao centro do poder político roraimense.

Um extremista de direita

Nicoletti, deputado federal, concedeu entrevista ao panfleto radiofônico da direita roraimense neste último domingo. Ao começar sua entrevista falou dos princípios que norteiam seu mandato, enaltecendo sua posição contra a demarcação de terras indígenas e a favor da anistia às pessoas que tentaram um golpe de estado entre novembro de 2022 e janeiro de 2023. Para o parlamentar no dia 08/01/2023, não vimos as sedes dos três poderes da república serem vilipendiadas, muito menos as pessoas bradarem por um golpe militar, isso apenas é uma construção da esquerda, na realidade ali se encontravam pessoas com bíblias e batons em suas mãos, clamando para que Bolsonaro continuasse no poder.

A desfaçatez desse reacionário é tamanha que tenta ressignificar fatos concretos para atender suas premissas ideológicas, a ponto de caracterizar que Gilberto Gil, Chico Buarque e Caetano Veloso cometeram crimes de assalto a bancos e participaram de guerrilha armada durante a ditadura militar. A comparação da anistia de 1979 que perdoou crimes de agentes do estado ditatorial e seus opositores não pode de forma alguma relacionasse com os crimes cometidos recentemente pelo bolsonarismo. Naquela quadra histórica tínhamos uma ditadura que expulsou brasileiros de seu país por combater o regime, e precisavam de anistia para voltarem ao seu país no processo de abertura lenta e gradual. Na atual quadra histórica temos golpistas que tentaram derrubar a República. Tivéssemos em 1954 tomado o caminho da punição na tentativa de golpe, teríamos evitado o golpe de 1964, pelo contrário demos uma anistia e fortalecemos o projeto ditatorial, isso é o que defende Nicoletti, manter o reacionarismo golpista mobilizado no país.

Durante a entrevista o parlamentar informou que investirá recursos em esportes durante os próximos 10 meses, coincidentemente no período pré-eleitoral. Importante que o TRE/RR acompanhe essa artimanha de utilizar dinheiro público, para organizações da sociedade civil, a fim de potencializar a promoção pessoal de políticos. Essa onda ganhou corpo com o orçamento secreto e as emendas PIX, onde cada vez mais estruturas sociais são organizadas para atender interesses privados, como demonstra os inquéritos policiais que comprovam desvio de dinheiro público. Segundo o parlamentar o dinheiro público que pagamos de impostos irá servir para financiar 5.000 corredores, ele falou que a média das inscrições em corridas é de R$120,00, ou seja, ele como parlamentar estará destinando recursos públicos no valor de R$600.000,00, que poderiam atender outras emergências públicas em nossa capital, para financiar corridas.  

Exporta mais Brasil

Dados divulgados pela ApexBrasil demonstram que em 2 anos do programa já foram mais de R$665 milhões em negócios firmados entre empresas brasileiras e compradores de 69 outros países. O eixo central do programa estrutura-se em torno de rodadas de negócios, aproximando o setor manufatureiro nacional de compradores, no total já foram realizados 39 eventos que permitem as estruturas empresariais superarem as barreiras estabelecidas pelas distâncias físicas.

Uma das prioridades do programa é ampliar a participação de empresas do norte e nordeste, entre os 28 mil exportadores já registrados no país. Outro olhar é ampliar a participação de micro e pequenas empresas entre as empresas exportadoras brasileiras, hoje, 41% enquadram-se como pequenos negócios, a média nos países desenvolvidos chega a 70% do total das empresas exportadoras, por isso, a lógica do programa é acompanhar e auxiliar quem nunca realizou nenhum tipo de exportação.

Enquanto entre as empresas exportadoras tradicionais as mulheres lideram apenas 14% dos negócios, no Exporta Mais Brasil esse indicador de gênero chega a 53%, demonstrando claramente a necessidade de incorporação das mulheres nos negócios no Brasil, o programa acerta o rumo de inclusão, uma das marcas do atual governo . Um dos principais instrumentos formadores desse programa é PEIEX, Programa de Qualificação para Exportação, que permite aos micro e pequenos negócios conhecer os processos necessários e habilitarem seus negócios para comercializar seus produtos em outros países.

10 anos depois

Uma década após a realização da 4ª conferência nacional das mulheres começou hoje, em Brasília, o encontro que marcará uma reconexão do movimento nacional de mulheres. Em um país patriarcal e misógino, como o Brasil, esses espaços de diálogos são fundamentais para que as idealizações de políticas públicas sejam pensadas pelas próprias mulheres brasileiras. A conferência reúne a gestão, os movimentos sociais e a academia em torno da formatação de um modelo de estado que inclua cada vez mais as mulheres nos espaços representativos, econômicos e de gestão. Temas como trabalho, emprego, autonomia econômica, empreendedorismo, educação, saúde integral, direitos sexuais/reprodutivos e combate as violências são assuntos a serem debatidos de forma a propor a igualdade de gênero no país.


Bom dia, com alegria.

Fábio Almeida

 
 
 

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